Esta semana tive que transitar pela Av. Pedro II nos dois sentidos, do centro até a Av. Tancredo Neves logo após o Anel Rodoviário, e não teve como passar despercebido a quantidade de lojas alugando ou vendendo. Praticamente metade de todos os endereços comerciais estão fechados. Lembro me de um tempo não muito distante em que pontos comerciais ali eram disputadíssimos. Este cenário não me parece ligado apenas à crise que o país atravessa, mas em especial a instalação dos corredores exclusivos para ônibus, as “busway”.
Pistas exclusivas para ônibus passam a maior parte do tempo vazias.
Reparei nos 50 minutos que levei do Anel Rodoviário ao centro da capital, que as pistas exclusivas para ônibus estavam vazias, enquanto carros permaneciam praticamente parados sem nenhuma fluidez em direção ao centro e ao Elevado Helena Greco, também com o trânsito imóvel emendando com a Praça Raul Soares. A distância que separa as duas pontas da Av. Pedro II é de 5,2 km. O percurso seria feita em no máximo 7 minutos, não fosse às retensões em toda a extensão da via.
Isso mostra que existe alguma coisa errada na gestão daquele importante corredor de trânsito. A Pedro II não serve apenas a quem mora em torno da sua calha, mas a dezenas de bairros. Com efeito, os ganhos provenientes das pistas exclusivas para ônibus, nos horários intermediários aos de pico, são inexistentes. Não vejo preocupação do governo municipal, incluindo vereadores e o próprio prefeito com as consequências da instalação das bus-way no comércio da avenida que praticamente sucumbiu.
Comércio da Av. Pedro II sucumbiu, inutilmente.
Ou seja, centenas de comerciantes e empresários quebraram, deixaram de gerar empregos, impostos e renda, em troca de nada. A insistência do gestor do trânsito (BHTrans) em dificultar a vida de quem tem carro é algo que beira o absurdo e a insanidade. Multiplicam-se ações inúteis que demonstram piora no trânsito com prejuízos incalculáveis para a população e o comercio. Sempre com um discurso “politicamente correto”, mas inútil de que a cidade é para as pessoas e não para os carros, como se carros fossem dirigidos por seres de outro planeta.
O exemplo da Pedro II precisa servir para outras regiões da cidade como Savassi, Centro, Antônio Carlos, Barreiro, Venda Nova, Alípio de Melo, Itapuã, Santa Eficiência, Padre Eustáquio e outras. Não Tenho dúvidas de que a política de mobilidade da BHTrans está equivocada e não representa o desejo da população. Insistem em modelos que não se aplicam à nossa cultura, topografia e clima. Fazem o que querem e não tem a humildade para corrigir erros, engessaram-se, acomodaram-se…
BHTrans se acha dona da verdade e administra sem considerar o desejo da população.
Não há debate e acompanhamento nas intervenções, os projetos são medíocres e impostos goela abaixo da população. Os fóruns para questioná-los estão aparelhados, em especial o Observatório da Mobilidade, cujo domínio é da própria BHTrans. Tudo é feito de acordo com o desejo de meia dúzia de técnicos ACOMODADOS que se acham donos da verdade. A engenharia foi colocada de lado juntamente com o bom senso, puxadinhos dão o tom.
Não existem metas e nem compromisso com fluidez. As ações tem viés ideológico, e são nefastas para a cidade, atrasando a vida de milhões de pessoas que perdem tempo precioso nos engarrafamentos que se multiplicam, agora não mais nos horários de pico, mas a qualquer hora do dia. Tempo que deveria estar sendo dedicado a produção e ao lazer dos munícipes.
Prefeito está dormindo com inimigos
Prefeito Kalil, se V.Exa não tem rabo preso com os artífices de sua candidatura – Fernando Pimentel e Paulo Lamac – ambos responsáveis pelas indicações de praticamente todos os cargos estratégicos do seu governo, tome alguma providência antes que seja tarde e a cidade tenha mais prejuízos. Fechar os olhos para a imobilidade urbana de BH não é uma atitude correta com quem lhe confiou o voto e acreditou na sua autonomia.
Acorde prefeito, seu governo está nas mãos de inimigos!
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp 31-99953-7945