Leitor do blog que pediu anonimato, enviou suas impressões sobre a Savassi, o tradicional bairro da Zona Sul de BH que leva o nome da padaria que fez sucesso na Praça 13 de Maio, hoje Praça da Savassi, e que foi inaurada em 1940. Achei suas ponderações bastante razoáveis e divido com com você amigo leitor, o arrazoado do “C.A”, cidadão atento que consegue enxergar “por detrás das aparências”…
“Bom dia meu caro.
Lendo hoje sua ótima coluna sobre o descaso com a Cristiano Machado, voltei instintivamente a atenção para a Savassi, que você abordou por todos os ângulos, menos um, acredito, pela impossibilidade da acusação sem provas.
Aos fatos.
A Savassi, ao lado da Praça da Liberdade, era a atração turística de BH com lojas, bares e restaurantes oferecendo o que de melhor a cidade possuía num perímetro pequeno, que permitia a concentração de interesses diversos.
Os problemas do tráfego adensado, especialmente por veículos procurando vagas para estacionar, tiveram sua solução encaminhada para a construção de garagem subterrânea, nos moldes que você bem conhece nas principais cidades da Europa, sem nenhum custo para o poder público, uma vez que financiada pelos eventuais interessados em explorar o serviço. Tudo caminhava para um feliz desfecho quando, “do nada”, surge o “maravilhoso” projeto de construção de mais um shopping center no centro do bairro, contrariando toda a política adotada nas principais cidades do mundo, que só permitem sua construção longe dos centros urbanos. Paris criou o seu distrito La Défense, no final da linha de metrô, para ficar num só exemplo. A razão? A destruição da vida urbana, concentrando os visitantes num espaço confinado de uma edificação, resultando no fechamento do comércio de rua tradicional que determina o pulso da cidade.
Como se justificou a aprovação de um projeto desses em BH, que por seu traçado, já permitia prever um congestionamento absurdo do tráfego pela movimentação de veículos na entrada e saida de seu estacionamento pela já saturada Av. Contorno?
Minha hipótese, que dificilmente será comprovada, mas que salta às vistas de quem sabe somar dois com dois: O grupo interessado na construção, em conluio com a prefeitura, habilmente estabeleceu um plano de ação, visando transformar o engodo em fato concreto.
Vamos à sequência dos fatos:
A prefeitura anuncia que autoriza a implantação do shopping em troca da renovação da Savassi. Magistral tática dos incorporadores! O projeto, profusamente divulgado, previa o fechamento de ruas, praticamente eliminado os poucos pontos de estacionamento disponíveis. O assunto estacionamento subterrâneo, que deveria fazer parte do projeto, sumiu! Por que? Simplesmente para obrigar quem fosse às compras a ter como quase única opção estacionar seu veículo à preço barato dentro do espaço comercial.
Jogada de mestre dos incorporadores: Investiram uns trocados numas fontes e colocaram bancos de concreto que servem hoje de cama para os sem teto que, pelo abandono do lugar, tomaram conta da Praça.
Resultado de tudo isso: matamos a fonte de renda do bairro. Espantamos os transeuntes, ameaçados pelos moradores de rua, sob o olhar benevolente das autoridades. Trocamos nossa tradição e nosso cartão de visitas por mais um shopping center.
Difícil acreditar que tudo isso tenha sido feito em prol da cidade.
Seguramente interesses inconfessáveis, somado a muito dinheiro, permitiram a destruição e o esvaziamento do bairro.
Dificil de provar, portanto inviável a acusação pela imprensa investigativa . Mais uma vitória do poder econômico no que ele tem de pior.
Desculpe o desabafo nessa madrugada de sexta feira da Paixão”.
Abraço do amigo e leitor fiel, C.A.