O mundo se une no combate ao inimigo comum, o Coronavirus. No Brasil “eles e nós” preferem dividir e bater panelas, acusar, provocar e criticar o governo. A pandemia que registra prejuízos semelhantes aos de uma guerra, não está sendo suficiente para unir “esquerdopatas” e “bolsominios”. Ambos optaram pela via do confronto, no lugar da paz, da solidariedade e da sensatez, recomendáveis nos momentos de sacrifício coletivo.
Os dois panelaços registrados na noite de quarta-feira (18), revelam uma doença crônica que empurra o país, a democracia e as oportunidades de correção para vala comum da política pré-eleitoral, das disputas de campanha que se findam em si mesmas. A guerra imprópria, inoportuna e inútil do “eles e nós”, é um espetáculo de extremismo passional nocivo e que serve para medir o baixo nível de cidadania do eleitorado brasileiro, preocupado com o próprio umbigo.
Quem sabe é chegada a hora de uma trégua? Além de pouco eficaz a divisão serve tão somente para aumentar ódio e a intolerância entre irmãos. Bolsonaro não é o melhor, assim como não foram, Temer, Dilma, Lula e FHC. Ele tem um caminhão de defeitos, é inábil com as palavras, gestos e sobretudo com a passionalidade que faz lembrar um potro indomável na puberdade dando coices a torta e a direita. Se não bastasse, vive passando recibo para jornalistas provocadores e jornais desesperados à beira da falência, alguns vingativos e irresponsáveis.
Não temos outro, é no barco dele que seguimos viagem, foi eleito e será o presidente do Brasil pelo menos até 2022. A esquerda precisa ter paciência, um pouco de lucidez para aguardar outra oportunidade. Não adianta bater panela, incentivar o ódio ou a derrota, pois ela não é o nocaute de vermelhos ou amarelos, o resultado do fracasso é contabilizado no conjunto, coletivamente. A porção humana de “esquerdopatas” é a mesma de “bolsomínios”. Ainda que ambos jamais andem de mãos dadas, estão condenados ao convívio, pois dividem o mesmo endereço, o Brasil.
Com efeito, não é razoável e nem racional agir como dois cachorros zangados, latindo um para o outro inutilmente. Ilações, xingamentos, fake news, foguetes ou panelaços, nada disso tem efeito pois a mão que segura à coleira de um e do outro é a mesma, a Constituição. Vale lembrar que provocações não promovem dissidências, ao contrário fortalecem e engessam as “certezas” do outro, promovendo em ambos o pior dos sentimentos, o da soberba.
Chegou a hora de uma trégua, ainda que não seja para sempre, mas por uma causa maior, que é a vida. Seguindo o exemplo de povos civilizados que em tempos de guerras se unem contra o inimigo comum, no lugar da autofagia é preciso um basta. Desta vez o inimigo não chegou a cavalo, dentro de tanques, trincheiras, ou drones, as armas não são as convencionais, o Coronavirus aterrissou e vai direto para as nossas entranhas, roubando o nosso ar, ceifando a nossa própria vida, lentamente. Insisto, não é hora de divisões e nem de brigas, mas de união.
Quem sabe não seja esse um recado da divina providência nos distanciando para nos fazer compreender a importância da solidariedade e de que estamos na mesma nau, à deriva em águas desconhecidas?
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