POR: José Aparecido Ribeiro, Jornalista – Licenciado em Filosofia
Em entrevista “aparentemente” ensaiada e editada com perguntas e respostas combinadas para o programa Fantástico da Rede Globo, (disponível no YouTube), o Ministro da Saúde, o ortopedista Luiz Henrique Mandetta deixa escapar que não está tão alinhado com o presidente Jair Bolsonaro quanto parece. O repórter fez questão de anunciar o local da entrevista – pasmem: O Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, residência oficial do governador Ronaldo Caiado, um dos adversários políticos mais ferozes de Bolsonaro. Visita de cortesia ou reunião conspiratória em busca da demissão de Mandetta?
Cumprimentando as famílias brasileiras e os “amigos” do Fantástico pela Páscoa, suando em bicas, o ministro (ortopedista) mostrou a que veio e parecia muito a vontade para falar em rede de televisão que é inimiga declarada do presidente a quem ele deve – ou deveria – lealdade. O repórter conduziu a entrevista de modo disciplinado favorável ao ministro (ortopedista), destacando que ele acerta em suas condutas enquanto o presidente segue errando. Ou seja, a inversão de papéis fica clara logo no início do intento, que tem como pano de fundo a exaltação do mocinho “bem intencionado”, amigo dos inimigos a serviço da causa.
Os 14 minutos de entrevista foram gasto para que Mandetta mostrasse a importância do confinamento irrestrito, sem possibilidades de isolamento vertical seletivo como defende o presidente e vários especialistas da medicina e até de países como o Japão. De certo para o ministro e para a Globo o Japão está errado e o Brasil está correto. O ministro (ortopedista) lembrou que trabalha a três metros de distancia dos seus assessores e por isso até agora não houve contaminação, diferente do presidente que se mistura ao povo e aos seus assessores sem máscaras e sem preocupar-se com o distanciamento de segurança, agindo de maneira imprudente. O recado velado é um puxão de orelha no presidente e uma forma educada de desqualificá-lo, tudo combinado.
Afastado da família, mas em contato íntimo com Ronaldo Caiado
O ministro (ortopedista) falou do drama pessoal de estar afastado da família e de números subestimados, quando o repórter disciplinado se referiu as mais de mil mortes provocadas pelo Covid-19 no Brasil. Mandetta não fala de números absolutos, mas em estatísticas. Lembrou com ênfase que os meses de maio e junho serão de muito estresse, e que se houver afrouxamento, os casos de contaminação voltarão a subir. O ministro insinuou que se depender dele a quarentena deve durar pelo menos até agosto, mandando um recado subliminar que passa despercebido pelos tolos, mas não a quem ele já não engana mais. Disse que se o número de infectados subir a culpa é do povo e do presidente imprudente, cujo posto ele – o ortopedista – veladamente ensaia pleitear o lugar em 2022 com apoio dos companheiros da Globo e de governadores rebeldes. A panca de mocinho não é por acaso, e nem por acaso é a sua exaltação pela mídia tradicional.
O dirigente da saúde (ortopedista) faz previsões de estrangulamento do sistema nos próximos dias, em que pese o fato dos hospitais seguirem ociosos na maioria das cidades brasileiras. Esquece que a doença tem um ciclo e ele não é de seis meses, mas de seis semanas. Fez questão de reafirmar que a colaboração da população é crucial, ou seja, coloca nos ombros do povo (os amedrontados que passam o dia na frente da TV assistindo a Globo) e do presidente, os possíveis resultados negativos da pandemia. Disse ainda que não houve lock down, apenas diminuição da mobilidade e que ela gira em torno de 50%, tendo chegado a 70%. Esqueceu-se, porém dos dois milhões de novos desempregados e o fechamento de 600 mil empresas. Trabalha em prol dos interesses do DEM, seu próprio partido, de Rodrigo Maia, Alcolumbre e Ronaldo Caiado.
Sobre a indisciplina do presidente, o repórter insinua que o Bolsonaro não respeita o ministro (ortopedista), citou o caso de uma mulher que aproximou para beijá-lo em evento de inauguração de hospital de campanha em Brasília, como se o presidente devesse obediência a sua excelência o ORTOPEDISTA, distante do front da medicina há algum tempo, e isso ninguém lembra. Novamente reclama do comportamento do presidente, pois a população fica dividida entre o que ele fala e aquilo que o presidente faz. Reafirma que não há divergências entre os dois, mas segue sendo desleal e por que não dizer, sorrateiro. Compreende a preocupação com a economia, mas defende a saúde. Sugere ao presidente a régua da ciência que ele próprio não domina, e não da economia, ainda que as consequências sejam uma depressão e o caos provocado pelo desemprego em massa, demonstrando total desconsideração com as consequências do confinamento na economia e no futuro do país.
A Cloroquina e a verdadeira ciência foram esquecidas na entrevista combinada
Em nenhum momento os resultados comprovados da Cloroquina foram lembrados, reafirmando que o alinhamento com Bolsonaro não é tão verdadeiro como diz o ministro (ortopedista), que se presta ao trabalho de garoto propaganda da esquerda. A principal pergunta a Globo esqueceu, mas nós jornalistas autônomos, especialmente os que já passaram dos 50 e são vacinados contra a doutrina da emissora, podemos fazer: O que ele e a mulher faziam fora de casa? Será que o ministro (ortopedista) esqueceu que a própria regra é: #FICA EM CASA? Ou isso não se aplica a ele, serve apenas aos incautos que tem na TV a única fonte segura de informação? Pergunto: tudo isso não seria combinado em busca de uma demissão para enfraquecer Bolsonaro? A história e os próximos passos do presidente dirão.
jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945