POR: Jussara Ribeiro – Jornalista – BH – MG
“A perfeita descrição dos defensores fundamentalistas do isolamento social, aqueles mesmos que colam nos seus perfis e propagam em lives “fique em casa”, foi do filósofo Luiz Felipe Pondé em texto desta semana. Recomendo que o busquem. Aliás, “fique em casa” é a frase que a pareia de apresentadores do Jornal Nacional encerra todas as noites seu programa político ops, seu telejornal.
No mundo dos ‘inteligentinhos’ brasileiros, que copiam em tudo os países ricos da Europa, a quarentena virou moda, moda de bem nascidos, naturalmente, daqueles que têm “estilo”. E dizem ter empatia com a pobreza, ainda que não saibam por onde passou essa realidade, enxergam-na retratada apenas na televisão.
De perto mesmo, frente a frente, nunca viram um pobre. Os que conhecem como sendo pobres são seus motoristas, jardineiros, babás e cozinheiras. Os ‘inteligentinhos’ do Leblon, Jardins, Mangabeiras e Alto de Pinheiros só conhecem pobres nessas circunstâncias, mas se dizem empáticos com a pobreza.
Nas palavras e imagens de Instagram até podem enganar os incautos ou os menos afortunados de massa encefálica, os contentes com pão e circo. Porém, são todos eles desprovidos de verdade e simplicidade, qualidades de quem sabe o significado do amor pelo próximo, independente de classes.
Por que eu sei disso, ou, por que estão acreditando que o mundo será diferente e melhor depois dessa pandemia? Ao fazer essa afirmação, escancaram-se aos olhos e sentidos mais atentos em toda a sua hipocrisia. Não há nada de bom a esperar num período pós-guerra, pois é nisso que transformaram esse mal, um mal muito maior que o próprio vírus.
A reconstrução da vida cotidiana e da economia esfacelada serão de alto custo, e de certo muito maior que as estatísticas oficiais. É só lá no fundo do coração de cada pai, cada mãe, criança amedrontada e idoso aterrorizado, sozinhos em suas casas, órfãos de liderança, mas sujeitos a líderes oportunistas, que as próprias dores dessa guerra política contra um vírus serão percebidas, por quem sobreviver, e na sua pior face.”