Eles são como formigas operárias que não param, precisam garantir a sobrevivência, trabalham às vezes 18 horas por dia, não possuem carteira assinada e nem garantias trabalhistas previstas em Lei, tampouco podem escolher como ganhar o pão de cada dia. A moto virou o sustento, encima delas eles se alimentam, passam a maior parte do dia correndo riscos e ajudando a economia brasileira a não parar.
Depois do advento das plataformas delivery e aplicativos de entrega as motocicletas tomaram conta das ruas e avenidas das cidades. Com a pandemia do Conoravírus elas se multiplicaram e segundo dados da Abraciclo, associação brasileira que reúne os fabricantes de motos, a frota é de quase 30 milhões de unidades, 70% delas servindo a trabalhadores que fazem entrega e serviços de logística on-line.
As mudanças que vieram sob duas rodas nos últimos 10 anos trouxeram benefícios para uns e prejuízos para outros. O ato de pilotar uma moto não é apenas uma forma de ganhar a vida e atender as demandas de mercado, representa para muitos fonte de adrenalina e um modo de vida arriscado que une o útil ao agradável. Existe uma diferença entre motociclista, que cumpre as regras de trânsito e motoqueiro, que não tem educação, e isso não é percebido pelas empresas de aplicativos, custando caro para quem mora em cidades no Brasil. Explico.
Aplicativos de entrega precisam fiscalizar motociclistas fora dos padrões
Para as empresas detentoras de plataformas delivery basta o indivíduo ter uma moto, ser habilitado, possuir uma mochila térmica e não ter antecedentes criminais para que ele possa virar um entregador credenciado, independente de ser um motoqueiro ou um motociclista. Isso vale até para os que adaptam motores de 50 cilindradas em bicicletas, obtendo assim o direito de livre circulação em ruas e avenidas entupidas, mesmo sem as exigências legais.
Para dar um up-grade na adrenalina, motoqueiros violam os escapamentos de suas motos e as transformam em máquinas voadoras capazes de provocar ruídos ensurdecedores. Eles também circulam livremente impunes em flagrante desrespeito ao Código de Trânsito e a lei do silencio que prevê regras de decibéis máximas, sobretudo nos horários noturnos.
Fiscalização contra abuso de ruídos depois da pandemia é nula
Foto: Gazeta Livre
Como a maioria do funcionalismo público brasileiro encontram-se de férias desde o início da pandemia, nem blitz de trânsito estão acontecendo. A exceção vale para estradas e algumas poucas cidades onde a PM cumpre a tarefa de fiscalizar o trânsito em convênio com prefeituras. Moradores próximos a ruas e avenidas que são corredores de tráfego são testemunhas do vai e vem das motos sem escapamentos e do significado disso para saúde de quem tem o sossego violado.
A tranquilidade das cidades (me refiro ao barulho) não existe mais, os motoqueiros são os donos das ruas e que se danem os ouvidos de quem vive no entorno de onde eles passam acelerando suas máquinas barulhentas. Autoridades de trânsito que não estão de “férias”, precisam tomar providencias, pois o sustento e a irresponsabilidade de uns, não podem prevalecer sobre o direito ao sossego de outros. Já as empresas de aplicativos deveriam contribuir instruindo e fiscalizando as motocicletas que prestam serviços, pois são cúmplices solidárias da barulheira e dos prejuízos coletivos à sociedade. Motocicletas com barulho de Fórmula 1 circulando impunemente.
José Aparecido Ribeiro é Jornalista em Belo Horizonte
Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br
- Ajude a manter este Blog doando qualquer quantia e anunciando. Saiba como é fácil acessando qualquer um dos canais de contato acima.