Ator Paulo Gustavo teve enterro digno e velório, diferente de 417.176 brasileiros vítimas da Covid-19 que receberam saco preto e caixão lacrado

Imprensa se cala diante de privilégio concedido à família que teve direito a velório com revezamento

Uma pesquisa rápida nos principais sites de notícias do país, para quem não tem o hábito de assistir telejornais pela televisão como eu, é possível notar que o ator Paulo Gustavo foi velado no Theatro Municipal de Niterói-RJ, cidade onde ele nasceu. A cerimônia fúnebre aconteceu nesta quinta-feira (06).

As chamadas não deixam dúvidas: Folha Uol: “Tatá Werneck fica pouco tempo no velório de Paulo Gustavo; O Dia:”Thales Bretas e familiares chegam ao velório de PG”; CNN Brasil: “Theatro Municipal oferece espaço para velório de PG”; Globo: “Família e amigos se despedem de PG em velório”…

O ator recebeu em seu enterro honras que a maioria dos mais de 400 mil brasileiros que morreram vítimas da Covid-19 não tiveram, incluindo a presença de familiares e amigos que “se revezaram”, conforme o noticiário mostrou. Talvez tenha sido o único enterro em que a dignidade foi preservada para o morto, seus familiares e para os fãs. Mas será que a dor da família de PG é maior do que a das outras?

Ficou parecendo que o risco foi suspenso temporariamente e valeu apenas para o comediante famoso. Ninguém está aqui sendo contrário ao enterro digno de alguém que por mérito e talento não mereça receber honras em um enterro à altura da sua importância e legado. O ator é unanimidade e teve milhões de fãs por todo país. É merecedor de homenagens.

A questão a ser considerada e que não pede retorno, tampouco reparações, é que a maioria das mais de 400 mil vítimas da Covid-19 não teve privilégios como este, seus parentes não puderam velar seus corpos, foram enterrados em sacos pretos, em caixões lacrados e sem velório. Evidente que Paulo Gustavo não era uma pessoa qualquer, mas morreu vítima da Covid-19.

Imprensa fecha os olhos para privilégio e “riscos”

 

Foto: Tribuna de Minas

A mesma mídia que fechou os olhos para esse detalhe, não teria agido da mesma forma se fosse alguém, por exemplo, ligado ao presidente da República. Dois pesos, duas medidas é o que mais assistimos no país do faz de conta e da hipocrisia conveniente.

A cobertura jornalística feita por ativistas travestidos de comunicadores ignora a inteligência alheia e diuturnamente faz o jornalista perder crédito e moral. O bom jornalista pode e deve ter partido, pode e deve ter opinião contraria, mas a imprensa jamais pode agir tomando partido, ela não é dona da verdade, reporta fatos e o seu compromisso deveria ser com a ética e a notícia.

Em nome de todas as famílias que tiveram seus entes queridos embalados em sacos pretos, depositados em urnas funerárias lacradas, sepultados as pressas, sem o devido rito de passagem ou garantias mínimas de dignidade na hora derradeira, inclusive a garantia de que de fato morreram de Covid-19, peço aos colegas de profissão que não foram doutrinados ou comprados, um basta nesta cafajestice que vem dando a pandemia, cada vez mais, cara de FRAUDEMIA.

Que Paulo Gustavo descanse em paz e sua família possa viver o luto de sua partida!

José Aparecido Ribeiro é jornalista em BH

Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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