PL 2508/21: A César o que é de César, a Zema o que é de Minas. Já para a ALMG, se puder não atrapalhar, ajuda

Deputados fazem “caridade” com o chapéu alheio mesmo depois de posar seus clunis no PL2508/21 por 4 meses. Coisas da velha política que passam desapercebidas pelo povo

Após 140 dias de justificativas vãs, falácias e desculpas, sob forte pressão da sociedade organizada a Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG aprovou o Projeto de Lei 2508/21, de autoria do Governo do Estado, que destina 11,060 bilhões para aplicação em obras inacabadas fundamentais para o desenvolvimento do Estado, paradas há 40 anos.

A tentativa de empurrar o PL 2508/21 para ser votado somente em 2022 e, assim, evitar que obras previstas no texto só pudessem começar em 2023, frustrou. Não é segredo que em ano eleitoral obras são proibidas por lei. Para quem não entendeu, o projeto visava evitar que os benefícios eleitorais das ações não caíssem na conta política do pouco político Romeu Zema (Novo).

Agostinho Patrus (PV) bem que tentou, mas ficou feio e o resultado poderia manchar ainda mais sua candidatura à vice na chapa de Alexandre Kalil. Pasmem, mas o prefeito fanfarrão de BH segue com ideia fixa de disputar o governo de Minas depois de destruir a capital mineira e sua combalida economia. Destaque para o setor de gastronomia.

Não é difícil para o leitor mais atento ligar os pontos e deduzir a razão para o PL 2508/21 ter ficado debaixo do clunis do deputado Ely Tarquino (PV) mesmo partido do presidente Agostinho Patrys, por tanto tempo. Com efeito, todos os deputados dependem de prefeitos e vereadores para fazer suas bases eleitorais, e, portanto nada mais óbvio que pensar num jeito de agradá-los, usando chapéu alheio, no caso.

Daí nasceu a ideia “meio verdadeira” de que a Assembleia não é uma mera carimbadora de projetos do executivo, e que sua posição de “independência” e “soberania” daria ela a missão de apresentar emendas para o PL 2508, modificando o texto ao seu bel prazer de modo a parecer que os deputados são os “únicos” que conhecem e sabem das necessidades do povo de cada cidade mineira, ainda que muitos apareçam por lá de 4 em 4 anos apenas.

Foram apresentadas mais de 250 emendas, o que dá em média, três emendas por deputado. Porta aberta para os abusos de “bondades” e propostas populistas que, se inseridas no texto original, obrigariam o veto do governador e, claro, a acusação de traidor do povo. Jogada de mestre da velha política, que obrigaria o governo voltar à mesa de negociação e ceder, resguardando assim a independência da casa legislativa.

A contrapartida, previamente pensada, era destinar 1,5 bilhões dos 37,68 bilhões do acordo com a Vale para os 853 municípios de forma proporcional, percapitamente. Em princípio o Governo não fez objeção, pois não haveria alteração nos investimentos principais do PL 2508/21, e os 1,5 bilhões estariam inseridos no valor total do acordo assinado com a Mineradora Vale, o maior da história do Brasil até aqui.

Porém, como os animais políticos são mais eficientes do que o caráter dos homens por trás dos mandatos, percebeu-se a pegadinha eleitoral embutida na proposta: o dinheiro deveria ser liberado sem a necessidade de convênios, o que livraria as prefeituras da fiscalização do Estado no emprego das verbas. Dinheiro liberado para prefeitos em véspera de eleição, qualquer inteligência mediana sabe o que significa.

Deputado com cara de santo

Foto Montagem: JARibeiro

O deputado Agostinho Patrus, que tem cara de santo, bem que tentou justificar dizendo que era para “agilizar” e desburocratizar o repasse. E teve gente que acreditou nas “boas” intenções, afinal o povo deu a ele seis mandatos. O que ele não explicou mas é fácil de deduzir, é o por quê do seu companheiro de partido Ely Tarquino ter posado seu clunis em cima do PL 2508 por quatro mêses.

Precisou do Governo, do Ministério Público, Defensoria Pública e da sociedade gritar para que o presidente ouvisse que dinheiro público na mão de prefeito desonesto é vendaval. As exceções, claro, existem, e as generalizações devem ser evitadas. Mas diz a lenda que seguro morreu de velho.

Passado este festival de politicagem a moda antiga, fica cristalino o papel da Assembleia Legislativa no episódio do PL 2508/21. Primeiro quis postergar, não permitir que o dinheiro fosse usado em favor da população, pois isso tornaria o governador Romeu Zema imbatível nas eleições de 2022. Ele já é naturalmente pela pouca desenvoltura política e afeição ao trabalho.

Agora os deputados de oposição, que antes engavetaram o projeto e que trabalharam contra, posam de heróis nas redes sociais, como se fossem deles a autoria do projeto e como se tivessem trabalhado para essa conquista. Importante que fique claro que o dinheiro do acordo com a Vale, fruto das reparações da tragédia de Brumadinho seguiu a lógica da justiça e da técnica, e não dá política. Foram dois anos longe dela.

Obras inacabadas que esperam verbas há 40 anos

O projeto contempla obras fundamentais para melhorar a vida de quem precisa, há muito prometidas, como a construção do Rodoanel; a reforma de hospitais regionais de Teófilo Otoni, Divinópolis, Sete Lagoas, Governador Valadares e Juiz de Fora; a reestruturação dos hospitais da Rede Fhemig – Hospital Infantil João Paulo II, Hospital João XXIII e Hospital Júlia Kubitscheck; a melhoria e reforma de 3.000 km de estradas em Minas; a construção de pontes sobre o Rio São Francisco em São Romão e Manga, entre tantos outros.

São obras que vão salvar vidas e que convenhamos, não dependeu da ALMG. O dinheiro do acordo não é da ALMG, mas do povo mineiro. Portanto, vamos dar a César o que é de César e a Zema o que é de Zema. Alguns deputados precisam deixar o palco teatral e trabalhar, de fato e de direito pelos interesses do povo. Chamo atenção para o fato de que existem exceções e elas são honrosas.

A população do Estado está madura suficiente para separar o joio do trigo e o coronelismo do jogo democrático. Com a devida vênia de jornalistas jabazeiros “consultores” em folha da ALMG, chega de farsa e de poses!

José Aparecido Ribeiro é jornalista independente

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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