Uma coisa é informação sobre a realidade, outra é tentar criar a realidade que o jornalista acha que é a melhor para o seu público
Foto: Reprodução – Tribuna Livre
O Dia da Imprensa é comemorado no dia 1 de junho no Brasil. A data foi escolhida por ser o dia em que se iniciou a veiculação do jornal Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa, em 1808. Três meses antes, ele era distribuído de forma clandestina. A Imprensa no Brasil surgiu de fato em 1706, em Pernambuco. Depois, em 1747, no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1807, em Vila Rica, atual Ouro Preto em Minas Gerais, ocasião em que a cidade tinha uma das maiores populações do mundo, o dobro da população de Nova York.
Mas que contribuições a imprensa atual tem dado para o povo brasileiro? Quando o jornalista deixa de exercer sua profissão e passa a usá-la para defender partidos, a imprensa deixa de cumprir o seu papel e passa a prestar um desserviço à sociedade. Com o devido distanciamento, o jornalista deve honrar sua profissão e o seu juramento. E não me venham com essa história de que qualquer um pode ser jornalista. Até pode, depois de cursar uma faculdade e conhecer as responsabilidades de um jornalista, além das técnicas que garantem o bom exercício profissional.
Como separar o indivíduo do profissional? O jornalista pode ter lado, questionar, ser crítico e até militar nos fóruns próprios, sobretudo aqueles que servem para melhorar as condições de trabalho, por justa remuneração e defesa da liberdade de imprensa, atitude louvável e digna. O que não deve ser relativizado e aceito como natural é o ativismo da imprensa em defesa de interesses ideológicos ou de projetos de poder circunstanciais e temporários.
A alienação do código de ética da profissão, sua essência deontológica, jamais podem ser relativizadas ou mandava às favas como se vê no Brasil por parcela expressiva dos profissionais de imprensa. Quando descontextualiza ou manipula a noticia de acordo com as crenças pessoais do produtor, repórter, apresentador, o jornalismo vira religião, levando os que têm opinião contrária a categoria de inimigos. Chegou a hora da autocrítica, deixar a resistência de lado, e praticar o ofício em sua plenitude, como se viu ao longo da história.
Porém se a decisão for tomar partido, ter crenças ideológicas, preferências partidárias, ainda que elas possam ser justas, o jornalista deve deixar a profissão e ingressar na política, como fizeram vários ao longo das últimas décadas e com sucesso. O exercício da profissão pautado pela conveniência do que é decidido na redação, via-de-regra para atender compromissos de empresários da comunicação, e até acordos políticos espúrios, é inaceitável para o jornalista profissional.
Garantir o emprego é justo, legitimo e até recomendável, desde que a reputação e a ética profissional não estejam em jogo. Pego emprestado uma chamada do jornalista Neimar Fernandes em brilhante artigo publicado no seu Blog no Portal UAI em junho de 2021, intitulado “A Imprensa está virando religião e eu corro o risco de virar um demônio. É hora de me despedir”.
“Uma coisa é informação sobre a realidade, outra é tentar criar a realidade que o jornalista acha que é a melhor para o seu público, e é isso que vem acontecendo com os principais veículos de comunicação no Brasil”, lembrou o jornalista. Perdeu-se a conexão entre o que é a natureza do jornalismo e a realidade factual, manchando a imagem da imprensa.
Em vez de relatar fatos e deixar para o publico a missão de fazer julgamentos, a imprensa vem agindo baseada nas suas crenças próprias, em alinhamentos de bastidores, no momento os da esquerda que voltou ao poder graças a arranjos espúrios inaceitáveis e antirrepublicanos, tudo isso com a conivência de jornalistas que exercem influencia em milhões de brasileiros que confiam neles.
O foco deixou de ser a informação como ela é, mas a que se forja nas redações desrespeitando a ética e relativizando leitura. Ao divulgar opinião, crenças e tomar partido como “formador de opinião, o jornalista trai seu publico que espera dele fidelidade, ética e respeito pelo pacto tácito que credita ao comunicador o lugar privilegiado e testemunha primeira dos fatos, não esperando dele nada além do compromisso com a verdade.
José Aparecido Ribeiro é jornalista
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