Dados do Pronto Socorro João XXIII, revelam números estarrecedores, foram 3.810 atendimentos a motoqueiros em 8 meses. Não confundir motociclista com motoqueiro
Foto: Reprodução Jornal Edição do Brasil
Eles não respeitam ninguém, são beligerantes e usam a máquina como arma em uma corrida desesperada que causa prejuízos graves para a sociedade. Os atendidos no Hospital de Pronto Socorro João XXII, que é o maior de Minas Gerais em decorrência de acidentes de trânsito cresceu 18% em apenas 8 meses, foram 3.810 atendimentos, contra 3.226 no mesmo período do ano passado.
O assunto interessa a todos os cidadãos belo-horizontinos, pois são eles que pagam a conta desta insensatez sem limites, revelada pelo Relatório de Sinistros de Trânsito de 2022 feito pela Prefeitura de Belo Horizonte. Só em 2022, 73% dos acidentes de trânsito com vítimas ocorridos no território da capital mineira, envolveram motos. Foram 12.148 acidentes com vítimas sendo 8.938 deles com motoqueiros que via de regra, são os responsáveis, pelo mau comportamento ao trânsito. Eles ignoram peremptoriamente as regras de trânsito, e fazem isso impunemente.
Se não bastasse, houve crescimento na venda de motos em 24%, isso por que o transporte coletivo não atende às necessidades da população, além dos aplicativos de entrega que acabam virando alternativa de sobrevivência para quem está desempregado. Além disso em BH houve um aumento expressivo na procura do serviço de mototáxi.
Foto: Reprodução Jornal Edição do Brasil
Recentemente foi publicado pela startup de tecnologia Gaudium uma pesquisa que mostra que a demanda por viagens de mototáxi cresceu 84% em todo Brasil nos últimos dois anos. Só no primeiro semestre de 2023 a alta foi de 14%. Minas Gerais é o estado com o maior número de usuários de mototáxi. Não por acaso a metade do faturamento da plataforma Uber Taxi (R$ 14 milhões), foi proveniente de Minas Gerais. No Brasil a Uber faturou so com mototaxi R$ 28,4 milhões.
Falta de regulamentação e imprudência
Operando há dois anos em BH sem qualquer regulamentação municipal, os aplicativos seguem aceitando novas motos para o transporte de passageiros. A Uber começou a operar na cidade em 2021, e na ocasião a Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra) questionou a Prefeitura e a BHTrans sobre quais medidas de segurança seriam adotadas. Na ocasião, a prefeitura afirmou que a BHTrans e a PBH estavam “analisando e estudando medidas para a regulamentação e fiscalização do serviço”. Seguem até hoje sem responder o questionamento da Ammetra.
Foto: Divulgação Ammetra – Dr. Alysson Coimbra
O Blog conversou com o diretor científico da Ammetra, o médico Alysson Coimbra sobre a falta de regulamentação e as consequências disso para a sociedade: “Há dois anos a prefeitura anuncia que está estudando uma regulamentação e até o momento nada de concreto foi apresentado para garantir a segurança de quem usa esse tipo de serviço” relata.
Contraditoriamente ao que se vê nas ruas, motoqueiros abusando e desrespeitando as leis de transito, a BHTrans informou que o serviço continuava ilegal. Em setembro a Ammetra voltou a procurar a Superintendência de Mobilidade (Sumob) para saber como estava o estudo da possível regulamentação, mas não obteve resposta.
O especialista avalia que a administração pública, aqui representada pela BHTrans, trata o tema com descaso e irresponsabilidade, pois essa omissão significa acidentes com vítimas. Os altos índices de acidentes mostram que a PBH está inerte diante do assunto e para agravar, não oferece transporte público de qualidade que incentive o cidadão a deixar carros e motos em casa: “A precariedade do transporte público do município motivou essa migração crescente para o transporte em motocicletas, e nesse mesmo período foi registrado o aumento do número de atendimentos a vítimas de sinistros em motos, isso não é coincidência, e sim consequência. Não regular esse serviço é permitir que o número de vítimas seja multiplicado por dois: tanto motociclistas, quanto usuários do serviço”, reforça o especialista.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro do observatório da Mobilidade de BH
- O blog foi provocado pela jornalista Patrícia Penzin da AKM Assessoria de Imprensa
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