Um olhar atento sob a Capital é possível notar o quanto BH está carente de gestores ousados, e técnicos capazes de enxergar a realidade local, antes das teorias importadas de “cidades modernas” que não se aplicam ao clima e a topografia da nossa metrópole. Teorias politicamente corretas, mas que servem tão somente para atrasar o que já deveria estar pronto há 40 anos. Falo do passivo de obras que a cidade possui e que virou paradigma. Se obras não resolvem o caos do transito de Belo Horizonte, o que resolverá?
Os exemplos são muitos, estão por todas as partes e vão dos estreitamentos de pistas em cruzamentos de ruas e avenidas movimentadas, passando por tampas de ferro de pernas para o ar, que obrigam manobras arriscadas, até corredores estreitos e saturados, que já não suportam mais o volume de veículos. Mesmo com crise econômica a frota bate na casa dos 1,8 milhões de automóveis. A fluidez do transito é comprometida em virtude do excesso de sinais, que já passam de 1.000, a maioria sem sincronia. Os cruzamentos e o traçado ortogonal não permitem mais puxadinhos, e esperam por obras de arte da engenharia. A topografia convida.
Tuneis, trincheiras, viadutos, passarelas, elevados terão que ser feitos, cedo ou tarde. Com efeito, enquanto tais obras não chegam, alguns pontos da cidade chamam atenção pelas soluções medíocres e pela insistência em cumprir metas estapafúrdias, como as de ciclovias em locais inadequado, ruas estreitas, entupidas de carros. A Rua Fernandes Tourinho entre Av. Getulio Vargas e Rua Espirito Santo é o retrato da BH Trans e da Sudecap. Revela a ausência da auto crítica e do discurso que não se aplica ao tempo em que vivemos. Obra de enfeite que passa a maior parte do tempo sem uso. Ciclovia as moscas, e carros disputando centímetros.
O órgão gestor do transito é unanimidade, e não consegue apresentar soluções capazes de minimizar o caos. Há mais de 30 anos é dirigido pelos mesmos técnicos, com provas suficientes de que está no caminho errado. Se não bastasse a inoperância, perdeu a credibilidade, vive desconectado da vontade dos cidadãos e hoje virou uma agência de arrecadação por meio de radares e detectores de avanço de sinais. No lugar da caneta, o meio eletrônico. Demonstração inequívoca da existência de uma industria e uma gestão que tem como fim a arrecadação e não a fluidez do transito. Chamada a apresentar soluções, a BH Trans limita se a sugerir mudança de hábitos. Segue com o pobre discurso de que ciclovia e BRT serão a solução. Até quando BH terá que aturar esse fala mansa, superficial e mediocre?
Jose Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Membro da Comissão de Transporte da Sociedade Mineira dos Engenheiros
Diretor da ACMinas
CRA MG 08.00094/D
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