A Rua Rodrigues Caldas desempenha papel importantíssimo na captação do tráfego que desce a Av. Álvares Cabral, proveniente da Av. Raja Gabaglia, da Rua Araguari, que recebe o fluxo procedente da Av. Barbacena, Av. Amazonas e principalmente carros vindos do Complexo da Lagoinha, pela Rua Paracatu com destino a Savassi ou Belvedere. Ou seja, trata-se de um corredor que apesar de concentrado em apenas dois quarteirões, capta transito pesado, durante o dia todo e distribui esse trafego em um dos pontos nevrálgicos da Zona Sul.
Nos horários de pico, a região é um verdadeiro caos. Com destaque para quem desce da Av. Raja Gabaglia em direção ao Centro, Lourdes, Santo Agostinho, ou Savassi pela Rua Professor Antonio Aleixo. Até aqui o trecho mais crítico contava com 4 pistas entre a Av. Álvares Cabral e a Avenida Olegário Maciel. O que era insuficiente para dar vazão ao fluxo. Pasmem, o que estava ruim, vai piorar, é apenas uma questão de tempo. O trecho recebe veículos de 6 pistas totalmente saturadas. Com as intervenções na Praça da Assembleia o gargalo virou um funil.
Inacreditavelmente, uma das pistas da Rua Rodrigues caldas foi sucumbida pela obra de reforma da Praça da Assembleia, como se os 2,5 metros de pista ROUBADOS significasse alguma coisa substancial para a melhoria da acessibilidade na Praça. Insanamente, e na calada da noite, a BH Trans, que aprovou o projeto, aproveitou para incluir o estreitamento da rua, na sua sanha incontrolada e equivocada de dificultar a vida de quem tem carro em Belo Horizonte. Seu desespero para tirar veículos de circulação não tem limites e contraria o bom senso, a lógica, mas sobretudo o direito de ir e vir de quem fez a opção pelo transporte individual, por falta de alternativas.
Vem fazendo isso diuturnamente, de forma imperceptível para a maioria da população, na marra, sem que as pessoas percebam ou se deem conta das consequências a médio e longo prazo. Usa o argumento descabido, mas politicamente correto da priorização ao pedestre, onde inclusive, acredite, não existe pedestres circulando em risco de atropelamento. Quer de todas as maneiras que o povo utilize o BRT e deixe o carro em casa, ou troque ele pelas bikes, sem considerar o clima de quase 40graus e a topografia acidentada, com traçado ortogonal, além das vias estreitas. Se não fossem trágicos os métodos utilizados seriam cômicos. Evidente que estão totalmente enganados, só não vê quem não quer.
Embora a reforma da Praça venha trazer benefícios para a comunidade, a supressão de uma das pistas da Rua Rodrigues Caldas é um crime contra quem passa naquela via e que a partir de agora perderá ainda mais tempo para vencer o funil criado pelo estreitamento desnecessário da pista. Um ato inútil que demonstra o quanto os gestores do transito da Capital estão perdidos e desorientados. Pior do que isso é o silencio de entidades importantes como o CREA/MG, que será prejudicado com o estreitamento, e a própria Assembleia Legislativa, cuja porta vive constantemente entupida de veículos de visitantes e servidores. Absurdo é pouco para qualificar mais essa ação desastrada da PBH.
Jose Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana
CRA MG 08.0094/D
31-9953-7945