Tem sido moderno defender a tese de que ciclovias é possível em todas as cidades do mundo. São as tendências. Será? Pode ser, onde o clima e a topografia favorecem. Topografia plana e clima com temperatura média anual menor do que 20 graus. Vivo em BH e aqui a temperatura na maior parte do ano é superior a 30 graus e a topografia é acidentada, não sendo propícia para implantação das ciclovias, misturadas aos carros, sobretudo na região central da cidade. Os defensores radicais das bikes, regra geral são ciclistas e urbanistas que viajam para a Europa e não exercitam a lógica, antes do bom senso, nem tampouco fazem deduções, baseados em fatos. Gostaria de estar errado, mas a realidade me diz o contrario. Basta circular pela cidade. Exceto algumas poucas vias, o projeto precisa ser revisto.
Ninguém é contra ciclovias onde elas são possíveis. Sou ciclista, pedestre, motorista, mas antes sou cidadão e ando pela cidade a pé, de ônibus no precário transporte coletivo que a cidade oferece, e de carro. Faço isso com olhar atento, o que não ocorre com os nossos políticos e alguns ciclistas que querem exorcizar o carro como se ele fosse o vilão da mobilidade. Não é o carro o vilão da mobilidade, mas a incompetência de quem nos governa. Aos mais afoitos, sugiro que deixem seus consultórios ou escritórios em horário comercial para constatarem que nossas ciclovias fracassaram, servem apenas para complicar ainda mais o já intricado transito de uma cidade que possui um passivo de obras de mais de 30 anos e que não vai parar de receber carros novos, cada vez mais largos, robustos e potentes.
Isso por que brasileiro, antes de gostar de bikes, e de discursos moderninhos de sociólogos, urbanistas e agentes públicos que vivem longe da realidade, copiando modelos e agindo por impulso, encastelados fazendo discurso politicamente corretos, é apaixonado por carro. Isso é fato, querendo ou não a turma do deixa disso. Acredite, amo minha bike e adoro pedalar em locais apropriados como por exemplo no entorno da Lagoa da Pampulha, Santa Lucia, São Bento e várias avenidas pouco movimentadas da cidade, como Agulhas Negras e outras. Mas adoraria andar pela cidade toda, como faço em Campinas, quando vou visitar parentes.
Lá, as bikes reinam absolutas nos finais de semana e feriados em vias devidamente sinalizadas, horizontalmente. Lá, ao contrario daqui, todos a respeitam como um meio de transporte e de lazer em horário e locais próprios, sem competir e medir força com veículos em uma guerra insana, desnecessária e que revela o quanto precisamos amadurecer como coletivo minimamente sensato. Lá não tem vaidades, indiretas, manipulações de noticias, tem bom senso e uso da lógica como método para decisões importantes que afetam a vida da coletividade. Convido os radicais para uma visita à progressista cidade de Campinas- SP, onde ciclovias funcionam e atendem a todos, sem riscos e nem birras…
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas
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