A Justiça Mineira corre o risco de cometer uma injustiça com o caminhoneiro Leonardo Faria Hilário. Em janeiro de 2011, o missivista descia os 8 km do Anel Rodoviário de BH, que na ocasião não tinha se quer uma placa de sinalização dizendo dos riscos de engarrafamentos nas proximidades da passagem de nível do Bairro das Indústrias, quando se separou com dezenas de carros parados onde jamais poderiam estar imóveis. Engarrafamentos diários e inadmissíveis.
Consequentemente não conseguiu parar sua carreta com 54 toneladas na traseira. A tese de que ele estava a 115km naquela é altamente questionável, já que o fluxo não permitia essa velocidade naquela hora. O correto no Anel Rodoviário é estar em movimento, e não parado, como estavam os carros que ele encontrou pela frente. Ao buscar os freios de sua bi-trem, não o encontrou e o zigue zague que o acusaram, era na verdade uma tentativa de minimizar o que lhe esperava. Optou pela traseira de um caminhão para amortecer o impacto e evitar os veículos menores. Arrastou 12 carros matando 5 ocupantes e ferindo outros tantos.
As autoridades ainda não compreenderam que o Anel não é uma avenida, mas uma autopista de transito rápido, misto e com velocidade real que varia de 90km/hs a 110km/hs e não 70km/hs como desejam os que varrem para debaixo do tapete a incompetência do Ministério dos Transportes que deveria ser o Réu neste processo. Entre o que o Anel Rodoviário é de fato e o que ele é de direito existe um abismo. A prova disso é que os acidentes continuam acontecendo debaixo do queixo das autoridades, sem que se faça nada para resolver definitivamente o problema.
Fato é que antes deste acidente, caminhões desciam o trecho íngreme daquela via sem sinalização a 80km/hs e sem saber que poderiam encontrar engarrafamentos onde eles supostamente jamais poderiam existir. Repito, quem esta errado é que esta parado no meio da pista de uma rodovia e não quem esta em movimento. Hilário não teve intenção de matar, evidentemente, e seguia o fluxo. Se não bastasse, ao fritar as lojas de freio na descida, o que é comum em virtude da inclinação da via, perdeu o controle de sua carreta. Isso acontece todos os dias no final da descida no bairro Betânia, palco de centenas de acidentes similares.
Com efeito os culpados neste e em 5 acidentes com vítimas fatais no mesmo local na mesma ocasião não é o pobre caminhoneiro que transitava ali pela primeira vez e que foi pego para Cristo, mas o Ministro dos Transportes e o Superintendente Regional do DNIT, que cometeram os crimes de omissão, negligência, prevaricação e desídia. Queira Deus que o Júri tenha bom senso e que injustiça maior não seja cometida com um trabalhador vítima da podridão da política brasileira que não permite uma solução decente para o Anel da Morte, como é conhecida aquela via, cuja tradição é de acidentes rotineiros e graves.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Trânsito
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
Presidente e fundador da ONG SOS Rodovias Federais
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