O Caderno Gerais do Jornal Estado de Minas de 30/08 trás os seguintes dizeres:"R$24 bilhões, o preço para sair do sufoco". Quem informou o valor esqueceu de um pequeno detalhe: R$24 Bilhões, se bem utilizados, resolveria o problema do transporte coletivo, mas nem de perto o problema da mobilidade da cidade como um todo. Mobilidade não se reduz a transporte coletivo e ciclovias, isso por que com ele ou sem ele, o carro não sai de cena por uma dúzia se fatores que não cabem aqui agora.
O passivo de obra que a cidade possui com mais de 30 anos de atraso é gigante, exigindo outro tanto igual ou maior do que esse para ser atualizado. Estamos falando de trincheiras, túneis, viadutos, passarelas, elevados e obras capazes de eliminar gargalos e não criá-los, como estamos assistindo, atônitos, na política da BHTrans de querer tirar carros das ruas por decreto. A cidade esta parando nos horários de pico e a empresa gestora do transito segue agindo para piorar o que já esta ruim. Não há planos de emergência e nem pessoal para gerir o transito enquanto as obras não acontecem.
Mobilidade significa deslocamento com fluidez, de carro, a pé, de bicicleta ou no precário transporte coletivo disponibilizado. Equivoca-se quem acha que basta melhorar o transporte coletivo para que as pessoas passem a deixar carro na garagem. Tem gente que vê no carro muito mais do que um transporte, enxerga nele uma paixão, um estilo de vida ou simplesmente a liberdade de ir e vir. Direito que o trabalhador adquire quando emancipa-se economicamente ou melhora de vida. E as pessoas melhoraram de vida nos últimos anos.
Portanto, não será com R$24 e nem R$43 bilhões que a cidade terá fluidez, mas com quebra de paradigmas e com a consciência de que ela cresceu e precisa de obras para eliminar os mais de 150 gargalos que ela tem e que não deixam o transito fluir. Repare que hoje são 1,6 milhões de veículos. Em cinco anos, passarão de 2,5 milhões, isso querendo ou não os nossos "brilhantes" gestores públicos. Portanto, o que está ruim, tende a piorar muito se nada for feito urgente para eliminar o passivo de obras que a cidade possui e que terá que ser eliminado.
A título de contribuição, por exemplo, com o dinheiro de 4,5 km de metro, que é comprovadamente economicamente inviável e desnecessário para BH, a prefeitura aproveitaria melhor a verba construindo com os R$4 bilhões liberados pelo Governo Federal mais de 20 km de monotrilho atendendo 4 vezes mais pessoas, com 5 vezes menos recursos e 6 vezes mais rápido. Ou seja, a sensação é que o interesses são outros, que não o da população que paga impostos… Só não vê quem não quer.
José Aparecido Ribeiro
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMINAS
Consultor em Mobilidade
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