As ADEs abrem uma porta de oportunidades para o desenvolvimento de Belo Horizonte, que por décadas tratou da sua urbanidade como assunto para especialistas, a grande maioria deles, profissionais míopes, por vezes arrogantes, pessoas que não conseguiram compreender que as cidades são dinâmicas, e como organismos vivos, mudam constantemente, merecendo tratamentos menos instrumentais e mais humanos. Nenhuma cidade do mundo pode ser estática, mesmo as que vencem o tempo e são milenares. A proposta da PBH talvez não seja a mais ideal ainda, mas é um grande avanço para uma cidade que discute os sexos dos anjos quando o assunto é o espaço urbano e as mudanças inevitáveis necessárias para o seu desenvolvimento. Jane Jacobs (Jornalista Norte America) revelou isso na sua proposta de “Cidade Maravilhosa”, na década de 50 em Nova York, no seu livro “Morte e Vida de Grandes Cidades” Ed. Martins Fontes, 1961.
Naquela época, programas parecidos já existiam com o propósito de revigorar áreas degradadas da Metrópole Nova York, buscando a diversidade, a humanização do espaço público e a sua ocupação de forma ordenada, vital para quem vive e usa a cidade, sobretudo em bairros menos favorecidos, embora bem localizados. Belo Horizonte não é diferente, guardadas as proporções, precisa avançar, dotando seus espaços de vitalidade para que eles cresçam e tornem-se menos desiguais. Há bairros na Capital que perderam suas características originais há décadas e necessitam de fôlego, bem como de incentivo para renascer das cinzas, pois estão, do ponto de vista urbano ambiental, praticamente mortos. A proposta da PBH (Nova BH) visa criar incentivos para à requalificação, permitindo novos potenciais construtivos e em alguns locais a mescla de comércio e moradias.
Ao permitir essa renovação a população ganha em segurança e infra estrutura, já que espera-se que as outorgas onerosas tragam benefícios para as comunidades onde as mudanças ocorrerem. Espaços e mentes vazia são como oficinas do diabo, serão ocupados por ideias ruins ou pela marginalidade que cresce sem controle. Embora a população esteja reclamando da falta de tempo e da ausência do debate, a iniciativa trás alento para uma cidade que perde tempo com as vaidades e com o debate vazio, que só trouxe atrasos até aqui. Líderes comunitários precisam compreender que o momento exige serenidade e menos pré-conceitos. Se a turma do “deixa disso” permitir, BH dá seus primeiros passos para um planejamento urbano sério, que aumenta o espaço da diversidade, melhora a vida de quem sonha com uma Belo Horizonte moderna e progressista.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas
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