Belo Horizonte viveu mais um dia de “deadlock traffic”, (colapso) no trânsito na segunda feira dia 23/12, e as autoridades ficaram de novo com a brocha nas mãos, sem saber o que fazer. O problema do trânsito agrava-se a cada dia, ficando evidente que está sem controle. Milhões de motoristas estão a deriva de sinais, que já não dão conta do volume de carros, isso quando não estão sem sincronia. Basta uma pane , um acidente no Anel Rodoviário ou nas rodovias que cortam a região metropolitana, uma manifestação, e a cidade trava. Na tarde de 21/12, domingo, um caminhão levou mais de 8 horas para ser retirado do Viaduto da Mutuca, paralisando a zona sul da cidade e o Anel Rodoviário, com perda de tempo, consumo de combustível e estresse.
Embora o transporte coletivo seja uma das alternativas, o carro não sai de cena, pois não é só um meio de transporte escolhido por 54% de quem desloca pela cidade, ele é um sonho de consumo que tende a aumentar, na mesma proporção que a renda do trabalhador cresce e o crédito fica mais fácil. Quem tem um carro de modelo econômico, quer ter um de maior potencia e luxo, basta sobrar alguma economia para o upgrade virar meta. Há quem prefira morar de aluguel e ter um carro, do que ter casa própria e andar a pé ou de transporte coletivo. Entender isso e preparar a cidade para esse novo cenário é tarefa que os governantes deveriam ter como prioridade, mas insistem em adiar. A municipalidade não conseguirá fazer as adequações que a cidade precisa sozinha, e precisa buscar parcerias com os governos Estaduais e Federal.
Não adianta mais tentativas em vão de mudar comportamento ou movimentos ineficazes para dificultar a vida de quem tem carro. Estreitar ruas, alargar passeios penas para enfeite onde não tem pedestres, afunilar cruzamentos, instalar radares em cada esquina, pressionar a população para deixar o carro na garagem ou troca-lo pela bicicleta, ou mesmo pela caminhada é ingenuidade. Quem tem carro quer ter o direito de usá-lo e não vai abrir Mao do conforto por que a prefeitura sugere ou pressiona. Não enxergar isso é prova de distanciamento da realidade. A cidade precisa de obras em mais de 100 gargalos, mas até que elas sejam possível, gestão e presença humana nos cruzamentos é urgente e inadiável.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
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