Os dados revelados na pesquisa Origem Destino, divulgados recentemente pela Secretaria de Estado de Gestão Metropolitana, mostram o que as autoridades municipais insistem em não enxergar: A população de BH fez uma opção para o seu deslocamento diário que precisa ser respeitada. O modal de transporte preferido pela maioria das pessoas é o individual. Ou seja, mais do que um meio de transporte o carro é definitivamente o preferido do povo. Embora o espaço da cidade seja limitado, o desejo explicitado na pesquisa exige mudanças radicais no comportamento de quem é responsável pela gestão do trânsito e das obras na Capital e das cidades vizinhas. Desculpas e transferência de responsabilidades para que é vítima, já não servem mais para explicar o caos.
Os planos apresentados pelas duas instituições (BH Trans e Sudecap) caminham diametralmente ao desejo da população. Ao fechar vias; alargar passeios; afunilar cruzamentos; implantar ciclovias, deixando menos espaço para carros onde eles já não cabem mais; usar arranjos provisórios no lugar de obras definitivas, (os famosos puxadinhos), na tentativa de dificultar a vida de quem tem carro, esperando com isso que a população mude o comportamento, já está comprovado que não é o caminho. O uso racional do carro é uma falácia para justificar a incapacidade das autoridades de apresentar soluções para o trânsito que se arrasta. Com ou sem transporte coletivo de boa qualidade, o carro não sai de cena. O belo-horizontino, assim como o brasileiro é e continuará sendo apaixonado por carro…
Com efeito, BH espera por um pacote de obras capazes de eliminar mais de 100 gargalos crônicos, que se agravam a cada dia, em uma cidade que emplaca 280 veículos diariamente. Não adianta mais tentar exorcizar o carro. É preciso, com criatividade e uma dose de ousadia fazer o trânsito fluir. E isso só é possível com a transformação dos principais corredores em VIAS EXPRESSAS, eliminando sinais e cruzamentos, por cima ou por baixo. É inevitável e urgente a construção de viadutos, tuneis, trincheiras, elevados, alargamento de vias e eliminação de sinais. Obras caras, complicadas e que exigem a participação dos Governos, Estadual e Federal. Cabe a municipalidade reconhecer a necessidade e a urgência disso e promover as articulações necessárias para que tais obras aconteçam, o quanto antes.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente do CEPU-ACMinas
ONG SOS Mobilidade Urbana
CRA 08.00084/D
31-9953-7945