Recolhido à minha insignificância de cidadão e estudioso do assunto de mobilidade urbana, consciente de que o valor da palavra em BH depende de quem faz uso dela, arrisco fazer um alerta, que possivelmente será em vão, mas precisa ser dado, mesmo não sendo politicamente correto. Explico: BH não precisa de metrô. E se você é um daqueles que não aceita ouvir isso, é do time dos que precisa entender melhor o assunto para não correr o risco de defender uma ideia que vai contra todo o corpo de engenharia da cidade. Mesmo sendo o sonho de consumo da população não é o modal de transporte mais recomendável para a capital.
As razões são varias. Para ser viável economicamente ele precisaria transportar 70 mil passageiros hora sentido. Ou seja, em BH, ele é praticamente impagável, pois a demanda de transporte publico da cidade exige um modal que carregue 30 mil passageiros atualmente. A matemática é para leigos e facilmente compreendida, se considerarmos o custo de construção do metro que é de nada menos que 400 milhões o km. O recurso de 4 bilhões prometido para a construção do metrô será suficiente para 8 km apenas, atendendo a região Centro Sul da cidade. Mas e o restante? Antes que me digam que BRT resolve, sua implantação em outros corredores como Av. Amazonas, Av. Contorno, Via Expressa, Pedro II, Anel Rodoviário e outros, seria prova inequívoca de insanidade.
Com muita sorte, construir um metrô ligando o Centro ao Belvedere exigiria um esforço de engenharia monumental, pois estamos falando de uma subida com mais de 6% de inclinação. A própria topografia tornaria o projeto inviável. No meio técnico de engenharia, os especialistas são unanimes: com o mesmo valor investido, a cidade poderia ganhar 20 km monotrilho, ou (metro leve), cujo custo de implantação é da ordem de R$100 milhões o km, ou seja 4 vezes menos do que o metrô subterrâneo, e com o mesmo apelo de conforto, designe e capacidade transportada, podendo chegar até 48 mil passageiros, hora pico sentido que é o que a cidade precisa para os próximos 50 anos.
A experiência de São Paulo, que deu certo, precisa ser considerada. A primeira linha esta praticamente pronta e tem 27 km de trilhos suspensos que não consomem espaço onde ele é disputado e caro. Ainda ha tempo de optar por um modal mais eficiente e economicamente viável. Depende apenas de decisão política e melhor compreensão do tema. As recomendações não são deste insignificante cidadão, mas de todos os engenheiros especialistas ligados as principais entidades do setor.
Jose Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
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