O “Trem Azul”, da propaganda da TIM que parece ficção, não só é possível, como é o recomendável por unanimidade pelas principais entidades de engenharia de MG, incluindo todas as faculdades, mestres e doutores da área de transporte. Trata-se na verdade do metrô leve, ou monotrilho. O modal tem várias vantagens sobre todos os outros. Ele não ocupa espaço nas vias saturadas da capital; custa 3 vezes menos do que o metrô; pode ser construído no horário noturno, sem incômodos para o trânsito, em um prazo 4 vezes mais rápido do que o metro; não exige desapropriações; é movido a energia elétrica, ao contrário do BRT que usa combustível fóssil e polui o meio ambiente. Seu designe é avançado, igual ao que aparece na propaganda, pode ser construído e operado em regime de PPP (parceria publico privada).
Outro detalhe, o monotrilho não pode ser construído por qualquer empresa. Exige capacitação técnica, o que garante entrega no prazo e uma obra de boa qualidade, diferente do que está acontecendo com o BRT, cuja morosidade das obras ninguém consegue explicar. A tecnologia está disponível no Brasil, em fabricas modernas e bem equipadas; o custo de manutenção é baixíssimo e o risco de acidente é quase zero, ao contrário do BRT que é um ônibus sujeito ás intempéries do trânsito. O metrô-leve carrega 48 mil passageiros hora pico sentido, em composições de até 7 vagões, podendo alcançar velocidade de 80 km. E o principal, é economicamente viável, ao contrario do metrô que demandaria um número de passageiros muito maior do que o que a cidade precisa para os próximos 100 anos.
A titulo de informação, atualmente BH precisa de um modal para carregar em media 30 mil passageiros hora pico sentido e não 70 mil, como é o caso do metrô, nem tampouco os 20 mil que o BRT carrega. Vale lembrar que a cidade tem uma frota de veículos em circulação que beira 2 milhões, com tendência de 7% de crescimento ao ano, o que torna o espaço na superfície escasso e extremamente disputado. O metrô-leve é construído suspenso em vigas de 15M de altura e 30M de comprimento, e pode ser construído no canteiro central, sem causar impactos, pois tem raio de curvatura de até 50 graus e inclinação que pode chegar a 8%, o suficiente para atender a maioria dos bairros de BH, incluindo Belvedere, Buritis, que são bairros de topografia acidentada e demanda por transporte coletivo de alta qualidade, com poucas desapropriações.
Existem 5 projetos prontos com estudo de viabilidade para atender regiões diversas de BH, Betim e Contagem, com 100KM de linhas, ao custo de R$100 milhões o KM, diferente do metrô que custa R$ 450 milhões o KM. Várias cidade espalhadas pelo mundo entenderam as vantagens do metrô-leve, inclusive São Paulo, que recebeu no início de setembro a sua primeira linha de monotrilho. Em breve os dois principais aeroportos daquela metrópole estarão integrados por monotrilho, além de bairros populosos que demandam por transporte de boa qualidade, inclusive em regiões nobres. Enquanto isso, BH insiste do BRT, onde ele jamais poderia ser imaginado, como Av. Amazonas, Anel Rodoviário e outros corredores estreitos, cujo espaço é precioso, caro e disputado.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas
CRA MG 0094-94
31 9953 7945