Recolhido à minha insignificância de leitor, assinante ou na melhor das hipóteses, cidadão “palpiteiro” que anda e conhece a cidade que nasceu, não posso me furtar ao comentário sobre o acontecimento da semana, que teve direito a solenidade para assinatura de convenio e primeira página de jornal, na Cidade Administrativa. O viaduto que fará a ligação da BR 356 a MG 030 no Belvedere em sistema de alça. Uma obra de R$13 milhões que em qualquer outro lugar do mundo dispensaria pompas. As autoridades, engenheiros e arquitetos que projetam o futuro da Capital não devem conhecer o que tem por trás da Serra do Curral.
A única explicação para tamanha mediocridade nos projetos é que eles não viajam. Se o fizessem teriam vergonha de apresentar projetos pífios, acanhados, verdadeiros puxadinhos que além de chegar com 30 anos de atraso nascem praticamente mortos, uma vez que não consideram o crescimento da frota de veículos em franca expansão e sem perspectivas de interrupção. O Portal Sul ou Vetor Sul só tem nome bonito, mas as obras propostas continuam tacanhas como tacanho é o povo que aceita passivamente soluções paliativas achando perfeito um viadutos de 2 pistas, quando o correto seriam no mínimo 4 pistas.
Puxa pra lá; puxa pra cá; faz alça; constroem-se viadutos 1, 2, 3, 4 e o funil no cruzamento de Avenida Raja Gabaglia com BR 356, construído ha 42 anos atrás continua lá, intocável, o mesmo que foi edificado para uma cidade que tinha menos de 100 mil veículos e que hoje beira 2 milhões. Belo Horizonte tem mais de 100 gargalos esperando por obras. Mas a exemplo do que está sendo proposto em convênio da PBH com o Estado para o Vetor Sul, elas chegam acanhadas e servem apenas para tapar buraco. De longe darão conta da demanda de carros e dos desafios da verticalização da cidade que não tem mais para onde crescer, se não para o céu.
A cidade precisa de obras que sirvam para 50 e não apenas 5 anos. Com todo os respeito que eles merecem, convido o Prefeito, o Governador e suas Cortes para visitar obras de arte que estão sendo construídas na cidade do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras. Não é preciso ir a Miami ou Los Angeles para enxergar, inspirar e projetar o futuro de BH. Estamos perdendo o trem da história, só não vê quem não quer. Triste é saber que aqui viveu o maior obreiro da história do Brasil: o VISIONÁRIO Juscelino Kubitscheck – quanta saudade ele deixou e quanta falta ele faz…
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas
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