O drama da mobilidade agrava-se dia após dia. Deslocar em BH é um exercício de paciência. Estresse, perda de tempo, insalubridade, insegurança e risco de saúde para quem não tem outra alternativa, se não o transporte coletivo. BH possui 3.006 ônibus que transportam diariamente 1,6 milhões de trabalhadores, boa parte deles em condições degradantes. Imagine o que é viajar em pé ao lado de 90 pessoas, respirando no mesmo ambiente insalubre, espremidos como sardinhas em lata? Há quem diga que o transporte de animais para o abate é mais confortável do que aquele oferecido ao trabalhador da Capital, por concessão pública.
Quem duvida, é só pegar um ônibus em horário de pico para constatar que a situação é mais grave do que se imagina. E não é por acaso, a maioria dos ônibus são montados sob chassis de caminhões, inadequados para o clima e para a topografia da cidade. Se não bastasse, aqui o lucro é mais importante do que a satisfação do usuário. Na maioria dos países desenvolvidos, o transporte coletivo é uma necessidade cuja função não é gerar lucro, mas atender as demandas dos cidadãos. Lá, o lucro é a satisfação do povo, que pode deixar o carro em casa evitando assim o colapso no transito das cidades e tempo perdido no tráfego que não flui.
Isso vale para a segurança, saúde e educação. São bens necessários para o desenvolvimento humano que são deveres do estado, cumpridos à risca por políticos comprometidos. Na Europa os exemplos são fartos. Londres tem 3.800 km de linhas segregadas de transporte publico que permitem a todo e qualquer cidadão deslocar-se pela cidade, e seu entorno, com conforto a qualquer hora do dia ou da noite. O exemplo vale para Paris que tem nada menos que 650 km de metrô, ligando a Cidade Luz de leste a oeste e de norte a sul. Funcionando há mais de 150 anos. E BH, o que dizer da aposta da PBH para tentar minimizar o caos, via BRT.
Trata-se de uma escolha arriscada que visa atender mais uma vez não o usuário, mas os concessionários do transporte coletivo que terão ainda 15 anos para lucrar com o sistema. (Licitação ganha em 2008). O que nos resta? Como metrô é caro e a cidade não tem dinheiro, é unanimidade no meio acadêmico e técnico de engenharia que o modelo mais adequado para BH não é o BRT, que consome espaço precioso nas vias já saturadas, mas o METRÔ LEVE, ou Monotrilho, como é conhecido na Ásia, Europa, Canadá, India e EUA. Aqui ele aparece como 4ª opção, atrás de Metrô, BRT e VLT. Um equivoco que pode custar caro para o bolso do contribuinte em um futuro próximo. Quem viver, verá…
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do CEPU –ACMinas
CRA MG 0094/94
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