Infectologista Paulo Olzon alerta para necessidade de aplicação da Penicilina Benzatina em pessoas que tiveram contato com água contaminada no RS

A solução recomendada para o RS é a Penicilina Benzatina (Benzetacyl) pois sua eficiência é comprovada no tratamento da leptospirose a longo prazo, protegendo a população por até 30 dias

O Rio Grande do Sul vive uma catástrofe sem precedentes, fruto de inundações provenientes de chuvas torrenciais, ruptura de barragens e outros fatores, tais como dificuldades de escoamento das águas. A tragédia provocada pelas chuvas afetou 430 municípios dos 497 que o estado possui.

Dada a rapidez da elevação dos rios que cruzam o estado, várias pessoas não conseguiram sobreviver, morreram afogadas ou estão com traumas, outras perdendo seus pertences, ficando desabrigadas e sofrendo ferimentos de diferentes intensidades, necessitando muitas vezes de tratamento cirúrgico e acompanhamento prolongado.

Obviamente a urgência no atendimento imediato, se fez necessário, mas nem sempre isso é possível. As sequelas das inundações não têm previsão de serem resolvidas. Falta de água potável, alimentos, abrigos adequados para as pessoas que ficaram isoladas, foi de início a regra, fazendo lembrar de um cenário de guerra, ou um tsunami.

Depois de alguns dias de caos e graças aos trabalho de voluntários civis, bem como das forças de segurança, as pessoas foram socorridas por barcos, helicópteros, socorristas voluntários e estão acolhidas em abrigos, casas de parentes ou em suas próprias casas na medida em que as águas retornam ao curso normal dos rios.

Se não bastasse a catástrofe e os danos materiais incalculáveis, a situação é extremamente grave e com muito sofrimento, pois o alagamento das cidades traz consequências preocupantes, não só para quem perdeu tudo, mas também para quem participou das ações de resgate. A ingestão acidental de água contaminada por bactérias, protozoários e outros micro organismos, acaba por provocar infecção do aparelho digestivo, com sintomas tais como diarreia, vômitos, tornando necessária a hidratação por via endovenosa, nem sempre disponível de imediato.

Milhares de pessoas vítimas ou socorristas tiveram contato direto com a água, por dias seguidos. Algumas com ferimentos, outras com diminuição da proteção da pele que se torna mais permeável à penetração de micro-organismos, tais como a leptospira e outros. Obviamente em população vacinada para o tétano que faz parte do esquema vacinal (tríplice), já há uma certa resistência em adquirir a doença, mas no caso da leptospirose, doença com alta mortalidade, variando de 10 a 40%, mesmo em pacientes submetidos a tratamento intensivo, o risco de agravamento é grande.

A história nos mostra exemplos como os da guerra do Vietnã quando os invasores norte-americanos registravam taxas de mortalidade de 40 ou 50% nos casos graves (doença de Weil), provocada por insuficiência renal ou sangramento digestivo, pulmonar ou SNC. Outras experiências, essas bem mais perto, estão na capital paulista, em dias de chuvas intensas.

Após alagamentos, comuns no período de verão, o registro de pacientes contaminados pela leptospira aumenta expressivamente, sobretudo a forma mais grave. Os sintomas mais comuns são icterícia de tom avermelhado, febre e dores musculares, incluindo dores nas panturrilhas. A água dissemina a leptospira da urina dos ratos, que são seus hospedeiros naturais passando para o ser humano, podendo provocar a doença.

Locais populosos costumam ter a presença de ratos, e eles são vetores para transmissão desta doença que pode levar a óbito. A população que teve contato com a água deve ficar alerta às lesões na pele, principalmente dos membros inferiores, ou mesmo sem lesões, haja visto que a bactéria pode penetrar na pele íntegra, eventualmente fragilizada pelo contato prolongado com a água.

Também é necessário lembrar que a leptospira pode ter como porta de entrada as mucosas, da boca e dos olhos. A leptospirose tem período de incubação variáveis, que vai de um dia, quando há uma carga infectante grande, até 30 dias, sendo que a maioria dos casos ocorrem geralmente em torno de 7 a 10 dias.

Os sintomas iniciais que servem para acender o sinal de alerta, são os já citados e a febre alta, de aparecimento abrupto, dores nos músculos, incluindo dor nas panturrilhas (barriga das pernas), icterícia de tom avermelhado (Icterícia rubínica), podendo evoluir rapidamente para os casos graves, que, frequentemente, necessitam de cuidados intensivos e podem levar a óbito se não forem tratados adequadamente.

Pessoas expostas à água contaminada com leptospira devem fazer uso da Doxiciclina (Vibramicina-nome comercial) por 1 ou mais dias. É importante destacar que essa medida é correta quando nas situações pontuais, geralmente num contato acidental pouco duradouro com a água contaminada, como se observa nas enchentes ocasionais, exemplo do que ocorre em São Paulo em tempos de chuvas fortes.

Porém, no caso de enchentes prologadas tanto a leptospira, como outras bactérias do mesmo gênero, como o Treponema Pallidum (da sífilis) necessitam de antibióticos cuja meia vida é prolongada. No caso específico do Rio Grande do Sul, as populações de cidades inteiras que foram inundadas, tiveram contato com a água contaminada por longos períodos, exigido tratamento diferenciado capaz de evitar uma epidemia de leptospirose com consequências gravíssimas.

A solução mais indicada é a que utiliza a Penicilina Benzatina, pois sua eficiência é comprovada no tratamento da leptospirose, protegendo a população por até 30 dias. A Penicilina Benzatina 1.200.000 (nome comercial Benzetacyl) em dose única, intramuscular possui absorção mais lenta, com níveis de efetividade longo, capaz de combater preventivamente uma epidemia de leptospirose.

Com efeito, além de efetiva a Benzetacyl possui a vantagem de se resolver o problema com uma única injeção intramuscular.

Dr.Paulo Olzon   CREMSP   19035

Dr. Paulo Olzon Monteiro da Silva é medido formado pela Escola Paulista de Medicina, hoje Unifesp. Fez clínica médica e nefrologia, foi preceptor da disciplina de nefrologia e pronto socorro, além de coordenador da residência de clínica médica da mesma escola onde também atuou como professor na cadeira de doenças infecciosas e parasitárias. Foi médico do hospital Emílio Ribas, onde coordenou a residência médica por 15 anos. Por ocasião do programa televisivo TV House, foi citado em quatro páginas da revista Veja como sendo o house médico brasileiro na arte de fazer diagnóstico. Na mesma ocasião os Jornais Agora, do grupo Folha, Jornal da Tarde e Grupo Estadão, citaram o médico com significativo destaque pelo seu trabalho e reconhecimento público. Dr. Paulo Olzon foi colunista de saúde da BandNews FM. Foi palestrante nos dois Congressos Mundiais sobre Covid-19 que aconteceram no Brasil em 2021 e 2022. É membro do Grupo Médicos pela Vida.

Texto revisado por José Aparecido Ribeiro – Jornalista e âncora do MPV www.zeaparecido.com.br – www.conexaominas.com – Wpp: 31-99953-7945

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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