Toda atividade ou profissão tem seus paradoxos que não resistem a uma pergunta de criança
Foto: Reprodução LinkedIn Dr. Ricardo Guimarães
POR: Dr. Ricardo Guimarães – MD-PhD – Oftalmologista, pesquisador, professor e empresário
“A lógica simples da criança ainda não está impregnada pelos nossos dogmas, que adultos, surpreendidos pela pergunta, geralmente respondem com a frase: “Sempre foi assim”. Afinal, pensar diferente dá trabalho e é perigoso.
Galileu foi isolado em casa, Lavoisier foi guilhotinado e o padre Giordano Bruno foi queimado na fogueira por pensarem diferente. Sem se esquecer do monge Savonarola que foi condenado a morte pelo papa Alexandre VI por uma discordância de opinião. Felizmente, estes tempos sombrios se foram e hoje todos podem expressar seus pensamentos livremente. Como é bom essa sensação de liberdade de dizer o que pensamos. Não é assim que vivemos hoje?
A importância da visão dinâmica no esporte.
Meu tema hoje continua sendo a visão nos esportes. Você sabe como testar a visão de um atleta? Com um teste de visão estática, usando um cartaz com letras ou números. Você já fez um exame de visão e sabe como é. Mas isso é como mostrar uma fotografia, não testa a visão de movimentos. Paradoxo, não é? A pergunta de criança hoje é: por que não testamos a visão dinâmica dos atletas?
A visão dinâmica permite ao atleta reagir rapidamente, tomar decisões estratégicas, acompanhar objetos em movimento, prever trajetórias e se adaptar às mudanças constantes do jogo. Acompanhar uma bola veloz ou um adversário em movimento exige uma visão dinâmica precisa. Lembra daquele atleta que está sempre no local certo na hora certa para marcar seu gol ou marcar seu adversário? É um sortudo? Oportunista? Ou tem uma boa visão de jogo? Quero dizer, visão dinâmica. Porque no esporte o jogo está sempre mudando.
E quais são as dificuldades na avaliação da visão dinâmica?
Então, por que não existe um teste que meça objetivamente a habilidade visual dinâmica do atleta? No esporte, a visão é avaliada apenas sob a ótica estática, focando na acuidade visual. Apesar da importância da visão dinâmica, a medicina do esporte ainda não a inclui rotineiramente em suas avaliações. Parte da resposta reside na dificuldade de medir a visão dinâmica de forma objetiva. Vários métodos foram propostos, mas nada funcionou.
O Sistema Visual Duplo:
Estamos avançando no desenvolvimento de métodos mais precisos e acessíveis para avaliar a visão dinâmica em atletas e na compreensão da visão. Só recentemente dois cientistas canadenses, Milner e Goodale explicaram em detalhes como funciona o Sistema Visual Duplo.
Vamos lá. O sistema é duplo e trabalha separadamente, mas sempre em harmonia. Quando algo te chama a atenção, primeiro o Onde diz para onde olhar e em seguida vai dizer o Que você está vendo. Simples assim para explicar mas complicado dizer como. Os cientistas chamam de sistemas Onde e O Que.
O sistema Onde é responsável por determinar a localização espacial do objeto ou pessoa de interesse. Ele nos diz onde a bola está e para onde está indo no campo, para onde o adversário está se movendo e onde devemos nos posicionar. Goleiros precisam de uma excelente habilidade do Onde. E quem cobra o pênalti também.
O sistema O Que se concentra no reconhecimento de formas, números e detalhes.Quer uma demonstração prática dos dois? Você conhece alguém que não encontra nada do que está procurando? Esbarra em tudo e todos por onde passa? Se perde aonde vai? Vive desorientado? A letra é ruim? Andar de carro com essa pessoa é um terror. Garçons são péssimos porque não te veem acenar. Bastam duas destas características para você saber que o Onde deste personagem precisa de ajuda.
Quando não enxerga de perto ou de longe, precisa de óculos de grau para ler, o sistema O Que é que precisa de ajuda. Nesta hora o monge Savonarola perguntaria para você: capicci?
Concluindo, quando conseguirmos criar um teste para medir de forma padronizada a visão dinâmica na medicina do esporte, poderemos melhorar o desempenho atlético, reduzir o risco de lesões e melhorar a qualidade de vida dos atletas. Se você tiver alguma sugestão, aproveite a oportunidade e compartilhe comigo. Vamos criar uma startup que vai se transformar em um unicórnio bilionário. Estou te aguardando.”
Dr. Ricardo Guimarães é oftalmologista, pesquisador em neurociências da visão, professor, empreendedor. Consultor e porta-voz nas áreas da oftalmologia, saúde, educação médica e inovação. Diretor do Hospital de Olhos de Minas Gerais (www.Holhos.com.br) e, desde 1984. Responsável por novas técnicas, equipamentos, dispositivos e inovações em cirurgias oculares e clínica. Presidente da Fundação do Hospital de Olhos (www.FundacaoHolhos.com.br), instituição comprometida com o estudo e apoio a crianças com deficiências de aprendizado relacionadas à visão. Dr. Ricardo lidera o Laboratório de Pesquisa em Neurociências da Visão: www.Lapan.com.br (em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais – (www.UFMG.br), onde, em conjunto com outros pesquisadores, constantemente publica artigos científicos relevantes acessados internacionalmente. Possui 15 teses de mestrado e pós doutorado que já foram desenvolvidas pelo LAPAN e aprovadas pela UFMG, assim como outras grandes universidades. Dr. Ricardo Guimarães guiou a FASEH Faculdade de Medicina (www.Faseh.edu.br) em um projeto de modernização e inovação transformando essa instituição específica em uma das melhores Escolas Médicas do país. A Faseh é considerada a melhor Escola Médica do Estado de Minas Gerais e recebeu a nota máxima (avaliação 5) do MEC no ano passado. É presidente da União Brasileira para a Qualidade (www.UBQ.org.br), uma das primeiras e mais tradicionais ONG’s promovendo a qualidade no país. A UBQ tem suas sede na FIEMG (www.Fiemg.com.br). Dr. Ricardo é responsável pelo Cluster de Saúde no entorno do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, chamado Medical City (www.MedicalCity.com.br), onde educação médica, serviços de saúde e indústria de ciências da vida vão compartilhar de uma localização próxima a isso. Um Cluster é um conglomerado de hospitais, clínicas, departamentos de pesquisa e desenvolvimento, profissionais médicos e indústria correlata, todos eles geograficamente concentrados em uma área de fácil acesso, neste caso nos arredores do Aeroporto de BH.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e âncora do MPV
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