O Jornal Estado de Minas trouxe em sua capa de domingo 25.11, reportagem que revela o que o belo-horizontino que circula pela cidade já sabe. O transito da capital é o pior do Brasil em termos de fluidez. Pesquisa feita por empresa de rastreamento confirma o que todo mundo sente na própria pele. Mas não é por acaso, a cidade tem topografia acidentada, ruas estreitas, cruzamentos em excesso e um piso que além de sacrificar a manutenção dos veículos, faz o trânsito ficar ainda mais lento.
Na contra mãos do problema a empresa responsável pela gestão do trânsito dá sinais claros e inequívocos de fadiga, de que precisa de mudanças, entregou os pontos, já não se importa mais com as criticas, especialmente as construtivas. Segue ignorando detalhes importantíssimos que poderiam minimizar o caos. Age como um menino birrento, que coro já não serve mais como corretivo, não ouve ninguém, está perdido. O problema é que as consequências do desvio quem paga é o povo de Belo Horizonte.
Não se vê boa gestão dos 150 gargalos que a cidade tem e que precisariam de obras urgentes que eliminassem sinais que não dão conta mais do volume de veículos e cruzamentos em excesso. Em nenhum dos gargalos há presença de agentes de trânsito. Quando eles aparecem, são em numero insuficiente e cumprem papel figurativo, não existe pro atividade, coordenação e menos ainda foco. Aliás, o foco da empresa municipal de trânsito, que deveria ser soluções de engenharia, integrado com a SUDECAP e com as Regionais, limita-se a aumentar a fiscalização eletrônica, como se o problema fosse dos maus motoristas que avançam sinais e pisam fundo no acelerador e não da estrutura da cidade, que não permite fluidez.
Vivemos momentos difíceis, nosso Prefeito desconhece a gravidade do tema e ainda não percebeu que a falta de fluidez afeta a vida de ricos e pobres, de quem está dentro dos ônibus e de quem está dentro dos carros, arrastando pela cidade, perdendo horas preciosas, que poderiam ser dedicadas à família, aos estudos ou a própria produção. Os prejuízos são incalculáveis e sai do campo da economia, para o campo da saúde publica. Acredita cegamente que o BRT vai resolver o problema, mas é vidente que não. Ele pode melhorar um pouco a vida de quem já usa o transporte publico de baixa qualidade, mas não é apelo para motoristas virarem passageiros.
Se não bastasse, a cidade segue emplacando carros a taxas recordes. Portanto, os caminhos para resolver o problema passam por obras definitivas, e não puxadinhos. Estamos falando de tuneis, viadutos, trincheiras, elevados, passarelas, mudança de sentido de ruas, pavimento novo, alargamento de ruas onde elas são mais estreitas do que os passeios, criação de rotas alternativas etc. No campo da gestão, as campanhas de carona solidaria, rodízio de pais, incentivo a caminhada, ciclovias onde elas são possíveis e outras. Existem várias alternativas que não são cogitadas e nem tampouco experimentadas. Infelizmente o que se ouve são desculpas onde deveriam existir atitudes, planos de emergência e ações capazes de resolver o problema.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana ACMinas
ONG SOS Mobilidade Urbana – BH
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