O TSE está usando todos os meios possíveis para evitar que haja uma abstenção recorde nas próximas eleições municipais. O processo eleitoral não desperta a menor empolgação. O clima de decepção e ojeriza toma conta do pleito. Parece haver uma unanimidade que afasta as pessoas da política, e o risco de anulação de votos em número nunca antes visto é objetivo. Além da anulação existe ainda o risco do voto de protesto em candidatos desqualificados, a exemplo dos pleitos que elegeram TIRIRICA, Popó, e outros que se aproveitam do prestigio ou da popularidade. Não è por acaso. O noticiário tem mostrado uma realidade estarrecedora no universo da política em todos os níveis. Corrupção, desídia, negligencia, prevaricação, peculato, mentiras, roubos, desvios, trafico de influencia, incompetência comprovada e dezenas de motivos que desanimam qualquer eleitor, mesmo sendo ele um desinformado. Não tem quem acredite mais nos políticos e nas suas intenções. As motivações são sempre as mesmas: A defesa de interesses pessoais ou de grupos. Pouco ou nenhum interesse pelos problemas da sociedade e preocupação apenas com a carreira. Mandatos são comprados e tem valor. Não se exige nada, além de dinheiro e um batalhão de cabos eleitorais. A empolgação só existe dentro dos partidos, quase todos corrompidos, interessados em cargos públicos. No meio desta podridão o cabo eleitoral virou profissão. São eles os responsáveis pelo trabalho sujo na hora da comercialização do voto. Na cabeça da maioria das pessoas, a política virou um meio "fácil" de ganhar a vida. O censo comum diz que todos querem na verdade é uma boquinha. Parece haver uma unanimidade que sugere que o modelo faliu, apodreceu e cheira mal. Diante deste cenário desanimador para quem é idealista, e cumpre suas obrigações de cidadão, a democracia da sinais de fragilidade. O TSE preocupado com isso vem dando ao episódio do ficha limpa um valor maior do que ele realmente tem. Convida o eleitor para votar limpo, como se ficha limpa fosse algo do qual devêssemos nos orgulhar, uma virtude e não uma obrigação. Com efeito, se para ser porteiro ou faxineiro de uma repartição publica é necessário ficha limpa, por que a super valorização deste feito que é na verdade uma obrigação? Ressalta-se que muito mais importante e relevante para a sociedade do que exigir algo que todo cidadão é obrigado a ter, seria exigir condições mínimas para a candidatura e não só ficha limpa. Detalhes como vocação, históricos que comprove aptidões e serviços prestados à coletividade deveriam ser muito mais importantes do que ficha limpa. Além de conhecimento mínimo de legislação ou administração publica. Isso sim deveria ser motivo para propagandas. Para o Filósofo Platão, sec. IV aC., a Democracia padece de um mal crônico e sofre de um pecado original. Isso por que ela permite a ´qualquer um´ o que não deveria ser para “qualquer um”. Ela facilita aos indivíduos mal intencionados o acesso aos pleitos eleitorais e não possui mecanismos capazes de impedir que esses indivíduos façam Leis e administre cidades, estados ou até mesmo o País. Se todas as outras áreas do conhecimento e profissões exigem pré requisitos, por que não exigi-los de quem se interessa pela política? Exemplos de motivações duvidosas, cujo resultado tem sido prejuízos incalculáveis para a democracia não nos faltam, aliás, o que deveria ser exceções, viraram regra neste universo viciado e promíscuo que virou a política profissional. Isso mostra que alem de falido, o modelo eleitoral brasileiro serve apenas aos que dele se aproveitam para conquistar cargos públicos e fazer coisas erradas. Se essa é a moral política, que se distancia cada vez mais da moral dos homens, podemos concluir que o modelo faliu e de fato precisa ser reconstruído.
José Aparecido Ribeiro
Administrador
Belo Horizonte – MG
CRA MG 0094/94
31-9953-7945