O PT de BH deu "pt", bateu de frente, capotou e precisa da ajuda dos paulistas para voltar a existir e reclamar o prêmio do seguro. Coisas que só acontecem em Minas. Embora o recomendável nas democracias adultas seja o respeito pelas particularidades locais, pelo desejo e soberania do diretórios regionais dos partidos, o imblóglio no PT de BH revela o quanto a nossa história política mudou. Mudou para pior, da condição de autônomos e referência, para a condição de automatos e dependentes.
É a segunda vez que Ruy Falcão mesmo sem ser convidado, se acha no direito de traçar os rumos da política belohorizontina, como se ele fosse o portador da verdade, o salvador da pátria. Em Minas isso é muito comum, achar que o estrangeiro traz na mala as soluções para os problemas que costuma estar debaixo do nosso queixo.
E não é por acaso que o Metrô, a BR 381, a BR 040, Anel Rodoviário, e tantos outros temas do nosso cotidiano parecem imutáveis, insolúveis, sonhos impossíveis.
Foi-se o tempo em que a Política Mineira era respeitada e motivo de orgulho. Por Minas, passavam as decisões dos grandes temas. Os nossos e os nacionais. Minas dava as cartas e BH tinha autonomia, era uma capital altiva, independente e progressista. Hoje computamos um atraso de 40 anos em infra estrutura, tornamo-nos automatos nas escolhas políticas e na fila das verbas que selam o nosso destino. Precisamos das bençãos de SP, Brasilia e até de Pernambuco para decidir quem vai nos governar. É o fim do mundo.
Somos obrigados a nos contentar com senadores sem votos, presidentes que mesmo tendo nascido aqui, pouco ou nada fazem pela Cidade e pelo Estado. Deputados apagados, sem voz e sem vez. Há ainda os que se dizem daqui, são votados aqui, mas residem no Rio e por ai vai…
Existe uma máxima que diz: cada povo tem o governo que merece e Minas merece mais do que isso. Minas e BH merecem respeito, autonomia e liberdade de escolha.
Não o conheço, não sei se tem propostas para a cidade e nem tampouco acho que vai vencer o "socialista de grife", mas há de se reconhecer que Roberto Carvalho lutou contra tudo e contra todos e não pode morrer na praia, merece reconhecimento e o mínimo de respeito. Tem o direito e até o dever de disputar as eleições de Belo Horizonte, pois mostrou que tem coerência e brio. O que anda faltando aos políticos Brasileiros.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Belo Horizonte – MG
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