O Prefeito de Belo Horizonte veio a publico, através de carta ao Jornal Estado de Minas, solidarizar-se com as famílias que perderam seus entes no trágico acidente na noite do dia 6/6. Com humildade e sabedoria negou omissão e explicou o que fazia naquela noite fatídica, no momento em que a carreta carregada de bobinas de aço desceu a Av. Sra do Carmo, no bairro Sion e ceifou a vida de três cidadãos da cidade que ele governa e que pretende continuar por mais 4 anos. Gesto nobre e que merece aplauso. Mais do que isso, ele promete cobrar responsabilidades, e aí ele começa a falar a língua daqueles que amam BH e querem ver essa cidade avançar em qualidade de vida e civilidade. O Prefeito fez, em sua carta, um rosário de suposições e cobranças que começam com quem habilita caminhoneiros sem qualificação para dirigir veículos pesados, aponta o dedo para empresários gulosos que só querem saber de lucro a qualquer preço, puxa as orelhas do governo federal que há muito abandonou MG, convida a uma reflexão políticos de Brasilia que só aparecem em épocas de eleições para pedir votos, cutuca entidades e confederações que não se manifestam, e chama o cidadão omissos a se posicionar. Ele acerta em todas as suas cobranças. Ao fazer o meã culpa ele também promete punir os subalternos que não cumpriram suas obrigações e não foram capazes de evitar esses e outros acidentes que podem ser previstos, se a cidade for bem administrada. A Capital, como ele mesmo diz, é governada por homens e é ele quem escolhe o seu grupo, tendo total liberdade para recrutar os melhores, e não os que são recomendados por partidos, que regra geral, são cabos eleitorais com pouca ou nenhuma vocação para o oficio. Tomara que esta tragédia sirva para mostrar para aos “líderes” partidários que muito mais importante do que os interesses de suas agremiações, está o interesse do povo. A coisa publica não pode servir de moeda de troca ou barganha para os interesses de correligionários, nem tampouco de grupos que compõem a base aliada do governo. Deve ser administrada por pessoas qualificadas, comprometidas e sobretudo especialistas que conhecem a cidade, gostam dela e sabem o que fazer para melhorar a vida de quem mora na Capital ou passa por ela diariamente. A hora de acabar com o uso dos cargos públicos em troca de votos é essa. A má gestão na iniciativa privada é punida com demissão. E não pode ser diferente na Prefeitura. Temos assistido tragédias acontecerem em BH e ninguém ser responsabilizado. No dia 8 de maio a cidade parou, milhares de pessoas ficaram presas em congestionamento por mais de 4 horas e no dia seguinte ouviu-se apenas desculpas, pouco convincentes, diga-se de passagem. O que para a maioria foi motivo de trauma, prejuízos e desespero, para os que respondem pelo transito não passou de um episódio corriqueiro, seguido da lógica do “deixa disso”, do “tapar o sol com a peneira” e do “varrer para debaixo do tapete” o que deveria ser no mínimo esclarecido e punido com demissões e exonerações. Foi um dia de prejuízos incalculáveis e o próprio Prefeito não sabe dizer até hoje o que de fato aconteceu. Portanto, se o Alcaide está disposto a usar o poder que o voto popular e o mandato de Prefeito lhe confere, ele dá um passo importantíssimo rumo a uma governança de resultado, seja no transito, na saúde, na educação, nas obras que a cidade espera a 40 anos ou qualquer área que dependa de decisões e pulso forte para o alcance de bons resultados. A governança de coalizão tem sido útil apenas nas urnas e para resolver a divisão do bolo do poder, menos para o povo. Se o comando da cidade está nas mãos do Prefeito e é dele que o povo lembra nestas horas de tragédia, ele precisa ter o controle total e as rédeas da cidade que ele governa, não os partidos da base aliada e duas dúzias de oportunistas que tem a militância partidária como meio de vida. Parabéns Márcio Lacerda pelo gesto de sabedoria demonstrado na carta publicada no Jornal Estado de Minas de 12/06/2012.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas
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