De frente com o burnout: a sensação de estar exposto ao estresse prolongado
Por Caroline S. Macarini*, psicóloga organizacional e CEO da Unolife
“O estresse no trabalho sempre foi associado a uma sensação comum em dias mais sobrecarregados. A pressão para entregar um relatório, o telefone que não para de tocar, os prazos e as assinaturas de documentos… Mas, ainda que muitas pessoas tenham uma ideia de como esse sentimento acontece – aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a doença, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) – boa parte delas não sabe que essa não é apenas uma questão de estresse. A síndrome do esgotamento profissional é um problema de saúde pública.
O que é o burnout?
O termo, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome ocupacional, descreve o estado de exaustão física, emocional e mental causado por estresse crônico no trabalho. É como um colapso sistêmico que afeta a qualidade de vida e provoca sintomas como insônia, dores persistentes e uma desconexão emocional com o trabalho, impactando diretamente a vida pessoal e profissional.
O burnout não surge do dia para a noite. O ciclo começa com o entusiasmo excessivo e progride para o estresse crônico, a despersonalização e, finalmente, a exaustão completa. Nesse trajeto, o indivíduo se torna refém de expectativas inalcançáveis, muitas vezes reforçadas por empresas que premiam a sobrecarga e negligenciam o bem-estar dos colaboradores. O resultado são prejuízos para o colaborador e a própria corporação, já que há uma queda na produtividade e na qualidade das tarefas.
Trabalhar começa a parecer uma carga difícil de carregar. O indivíduo começa a se afastar emocionalmente e sente que não consegue mais lidar com as demandas diárias, perdendo a sensação de satisfação nas próprias realizações. No contexto econômico, o impacto também é alarmante. Entre 2019 e 2023, o número de pessoas afastadas por essa condição aumentou 136%, aponta o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Como encarar o problema?
A recuperação do burnout é possível, mas exige tempo para restaurar o equilíbrio e mudanças significativas no estilo de vida, como:
Estabelecer limites: Aprender a dizer “não” pode parecer uma ação simples, mas é o melhor começo para a prevenção e o tratamento do burnout. Desligar notificações, delegar tarefas para a equipe e regrar o horário de trabalho ajudam a estimular o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Revisar a cultura corporativa: Empresas que realmente priorizam os colaboradores integralmente são aquelas que proporcionam treinamentos de gestão emocional, incentivam pausas regulares oferecem políticas de apoio psicológico, como reuniões de escuta ativa ou acesso facilitado a psicólogos organizacionais.
Foco no autocuidado: Encontrar espaço na agenda para cuidar de si é tão importante quanto uma vídeo-conferência no trabalho. E, às vezes, ajustar a perspectiva sobre o próprio propósito de vida faz toda a diferença. Pequenos hábitos, como exercícios físicos, hobbies e tempo de qualidade com a família são essenciais para aliviar essas tensões.
Apoio profissional: Terapia e acompanhamento médico são indispensáveis nos casos mais graves, onde a recuperação requer um olhar especializado. A síndrome do esgotamento profissional é uma enfermidade séria e a possibilidade de acompanhamento profissional não deve ser descartada.
O reconhecimento do burnout como um problema de saúde pública é um chamado para repensar a relação da sociedade com o trabalho e com o sucesso. Afinal, ter uma carreira não deve custar a saúde física ou mental, considerando que essa é apenas uma fatia da vida. É preciso haver um equilíbrio e, no contexto corporativo, lutar por uma cultura organizacional que priorize este aspecto.”
* Formada pela Universidade Anhembi Morumbi, Caroline S. Macarini é psicóloga organizacional, CEO e fundadora da Unolife, plataforma online de bem-estar a valor social. Com mais de 13 anos de experiência, a especialista se dedica ao desenvolvimento humano e à construção de ambientes corporativos saudáveis e produtivos.
O Blog foi provocado pela jornalista Aline Arbache da Agencia Mention
José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor
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