Trânsito de BH: Nunca se viu tanta apatia diante do caos, a população calou-se e a cidade está colapsando

Os técnicos da BHTrans e da Sudecap fingem que trabalham, a população finge que acredita, e o resultado é o caos

Foto: BHTrans – Trânsito de BH

Na tarde desta última quarta-feira (06), voltando de Contagem, presencie algo estarrecedor e que revela a apatia de uma cidade à deriva de um grupo de agentes públicos que não consegue apresentar soluções para a mobilidade.

Os técnicos da BHTrans e da Sudecap, que decidem, fingem que trabalham, a população finge que acredita, e o caos segue aumentando na cidade inteira. Para qualquer lado que se anda por BH, o caos está presente no trânsito, antes nos horários de pico, agora a qualquer hora do dia ou da noite, incluindo os finais de semana.

Presenciei um engarrafamento no contra fluxo da Av. Amazonas de proporções inacreditáveis por volta das 17h. Do último sinal, no acesso ao Anel Rodoviário, até o Centro de BH, não havia espaço livre para veículos que arrastavam-se numa média de velocidade de 5km/h.

A falta de fluidez gera estresse, perda de tempo, poluição para o meio ambiente e irritação para quem fica preso em carros ou no transporte público, em um trecho cujo tempo máximo de deslocamento seria de 20 minutos, se houvesse um pouco mais de atenção com a mobilidade. O trânsito está à deriva de sinais que já não suportam o volume de tráfego.

A Av. Amazonas é uma das mais importantes da capital, liga o centro, a zona leste e parte da zona sul à zona oeste da cidade, a Contagem e Betim, corredor por onde passam pelo menos meio milhão de pessoas por dia, e que, pasmem, ainda tem 52 sinal funcionando em onda vermelha, acredite, propositadamente, impedindo a fluidez.

Qualquer hora do dia ou da noite, entre a Rua da Bahia e o Anel Rodoviário, encontra-se pelo caminho uma onda vermelha que obriga o motorista a ter paciência de monge. Dos 52 sinais em toda a extensão da Av. Amazonas, o motorista é obrigado a parar em pelo menos 40, repito, a qualquer hora do dia ou da noite. Nada justifica a falta de fluidez, se não a teimosia de técnicos meia boca.

A experiência desta tarde de quarta-feira mostra que chegou a hora dos administradores da cidade pensarem no segundo andar da Av. Amazonas, pelo menos entre a Av. Contorno e o Expominas, complementando com sincronia semafórica no restante da via que já não suporta mais o volume de trafego, sobretudo nos horário de pico. São aproximadamente 10 km de elevado, nada substancial para a engenharia.

Como desapropriações para alargamento é impossível, a ideia de uma via expressa elevada, a exemplo da Linha Vermelha no Rio de Janeiro, precisa ser considerada o mais rápido possível. Tenho ouvido, com preocupação, conversas de que a prefeitura pretende implantar pista segregada para o Move criando um corredor de BRT na Av. Amazonas, o que seria o caos maior, se é possível piorar o que existe. Muito pior do que o exemplo da Av. Pedro II, onde a bus way está sempre vazia e as duas pistas de veículos, abarrotadas. Insensatez que permanece.

A calha da avenida não permite tergiversação sobre a supressão de uma pista exclusiva para ônibus, isso seria o anúncio de um deadloock traffic, parando a cidade, e inviabilizando a vida de milhões de pessoas que precisam se deslocar. BH não recebe intervenções de engenharia significativas há 40 anos. Quase tudo que foi feito depois do Prefeito Maurício Campos, respeitou a lógica da mediocridade, obras mal feitas e com prazo de validade o mínimo necessário para “não dizer que não falamos de flores”.

No lugar de suprimir vias para carros, acreditando que isso faria motoristas virarem passageiros, confissão de incompetência, preguiça e falta de compromisso com a qualidade de vida da população, eles deveriam fazer as obras que a cidade necessita e não foram feitas nas últimas 4 décadas. São mais de 200 gargalos que esperam por obras de arte da engenharia (tuneis, trincheiras, elevados, viadutos, passarelas).

Obras que, se considerados os números da frota que hoje ultrapassa 2,6 milhões de veículos, já deveriam estar prontas. Refiro-me a obras, e não puxadinhos medíocres. Existem planos robustos de intervenções, feitos pela Sociedade Mineira de Engenheiros, (Comissão Técnica de Transporte), priorizando as mais importantes e que podem conectar os grandes corredores através de pequenas intervenções. Elas não são implantadas não é por falta de recursos, mas por questões ideológicas.

O problema é que os dois órgãos responsáveis pela gestão do trânsito e pela infraestrutura da cidade estão nas mãos de técnicos com vínculos partidários de esquerda, há 40 anos, a maioria deles esperando por aposentadoria, sem nenhum compromisso com fluidez ou com qualidade de vida da população. A “turma do Carlão” que cuida do tema desde 1992 quando Patrus Ananias virou prefeito e aparelhou a PBH. São eles os responsáveis pelo caos. Entra e sai governos, eles estão lá repetindo a mesma ladainha, a de que “obras não resolvem. A população precisa deixar o carro em casa e passar a andar de  bicicleta, a pé e BRT”. Coisa de lunáticos, os mesmos que querem tarifa zero.

População não acredita mais do poder público

E só fazem isso por que a população vive um apagão cognitivo, uma apatia inexplicável e jamais vista. Ninguém acredita mais que a prefeitura vá fazer as intervenções que a cidade precisa, a exemplo do que foi feito por Juscelino Kubitschek de Oliveira, prefeito de BH entre 1940 a 1945, pensando a cidade para o futuro e quebrando paradigmas.

As avenidas construídas por JK, em sua maioria, permanecem as mesmas. A diferença é que naquela época a cidade tinha menos de 30 mil veiculos, incluindo os carros de boi, e hoje ela tem 2,6 milhões. Com efeito, quebrar paradigmas, afastar técnicos preguiçosos e viciados que não querem trabalhar, e atualizar o passivo de obras é desafio que o prefeito precisa encarar, sob pena de Belo Horizonte se tornar uma cidade inviável para se viver.

Já ostentamos o título de segundo pior trânsito do mundo, em termo de horas perdidas por ano parados em engarrafamentos, 210 horas, perdendo para a cidade do México e Bogotá. Na toada que se encontra o trânsito, em breve será a pior trânsito do mundo, com um custo altíssimo para a população que nas suas escolhas, já mostrou que não quer deixar o carro em casa para entrar em ônibus lotados e desconfortáveis. Com a palavra o jornalista de esportes Álvaro Damião, prefeito de fato e de direito pelo próximos 8 anos.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro da Comissão Técnica de Transporte da Sociedade Mineira de Engenheiros e do Observatório da Mobilidade. Ex-presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas.

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

1 Comment

  • Prefeito Álvaro Damião parece estar aguardando o retorno do Fuad
    E quem paga o pato é quem precisa se deslocar para BH
    Impressionante a questão dos semáforos nos principais corredores
    Moro no norte de Bh. Tanto a Antônio Carlos, quanto Cristiano Machado estão completamente fora de sintonia
    Concordo plenamente com a preguiça e falta de respeito dos agentes públicos da bh trans
    Assuma Álvaro Damião, coloque ordem na desordem

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