Os números estarrecedores de mortes em rodovias de Minas Gerais trazem uma mensagem para a sociedade e sobretudo para os governantes, acostumados a transferir para o cidadão a conta da carnificina como se as pessoas pudessem prever tragédias e evitá-las sempre.
No entendimento da maioria das pessoas a culpa pelo "genocídio rodoviário" é da imprudência. Este é o resultado do olhar superficial que o governo adora ouvir e que endossa a omissão, a prevaricação e a negligencia de quem deveria ter atitudes pró-ativas.
Considerando que maioria dos acidentes com mortes aconteceram por colisões frontais, que poderiam ser evitadas se nossas rodovias fossem seguras e tivessem pistas independentes, separadas por barreiras físicas de concreto ou aço ou mesmo por canteiros centrais com caixas de desaceleração entre as pistas, o motorista é apenas parte de um conjunto de erros, cuja o maior responsável é o governo.
Nota-se que a via utilizada para o entendimento do fenômeno segue a rota mais curta para justificar a carnificina.
Nenhum motorista sai de casa pensando em matar ou morrer. Acidentes ocorrem por diversos motivos que nem sempre podem ser atribuídos a imprudência.
O Brasil produz veículos cada vez mais potentes e as nossas estradas continuam as mesmas de 60 anos atrás, com pistas simples, estreitas, curvas fora de padrões de segurança, inclinações maiores do que o permitido, falta de sinalização, falta de áreas de escapes e até ausência de acostamentos em boa parte delas. Tudo contribuindo para que os acidentes ocorram.
Se os veículos não podem ser acelerados, como na Europa, EUA ou na Azia, eles não deveriam ser produzidos. É nas estradas que as pessoas costumam acelerar seus carros, já que nas cidades isso não é possível. Na Alemanha a média de velocidade na Autoban é de 170km/h e os índices de acidentes lá são 70% menores do que no Brasil. Uma prova de que não é a velocidade a vilã da história, mas a estrutura das Rodovias.
Esperar consciência de todos é acreditar em conto de fada. Os imprudentes existiram, existem e sempre existirão. Cabe ao Estado dar aos que cumprem suas obrigações ao volante, proteção, contra aqueles que não cumprem. Até por que, todas as vezes que um imprudente se envolve em um acidente, ele acaba levando com ele um motorista que estava dentro da lei, e por vezes a sua familia.
Com efeito, o discurso de que tudo é culpa dos imprudentes, não provoca efeitos positivos, ao contrario, deixa os agentes públicos cuja tarefa é zelar pela boa condição de trafegabilidade das estradas, inertes e sem a sua parcela de responsbilidade. Se campanhas, radares e apelos resolvesse o problema, os acidentes estariam diminuindo e não aumentando como estamos assistindo.
Instalar radares, caçar carteiras, punir motoristas é apenas uma ação que precisa vir acompanhada de dezenas de outras, sendo a reforma de rodovias a principal delas e a mais urgente.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Transito
ONG SOS Rodovias Federais
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