O ônibus ainda é o único meio de transporte público para milhares de pessoas que moram na Região Metropolitana de BH e trabalham na Capital.
Embora a malha ferroviária seja espressiva, com mais de 500 km de trilhos, apenas Contagem usa transporte sob trilhos para fazer sua ligação com BH através do metro de superfície administrado pela CBTU.
Se não bastasse a falta de opção, com raras e honrosas exceções, as carrocerias de ônibus usadas para transportar gente, estão no nível daquelas que se usa para o transporte de gado.
No Brasil, não é privilégio da RMBH, transporte público existe para atender aos empresários do setor, não ao povo. Em países civilizados transporte, assim como educação, saúde, segurança, é dever do estado.
Não temos aqui a intencao de demonizar quem explora, por concessão o setor de transporte público, não são eles os responsáveis pelas políticas de governos.
Eles apenas habilitam-se para operar um sistema que há muito vem dando sinais de saturação e precisa ser reestruturado. Alguns esmeram e oferecem o minimo de conforto para usuários, mantendo limpos os coletivos, evitando atrasos, qualificando motoristas e trocadores.
Empresário não é instituição filantrópica. Entra neste negócio para ter lucro. Pensar diferente é ingenuidade ou desinformação. Mas outros são verdadeiros mercenarios, preocupados tão somente com o lucro, a qualquer custo e sacrifício de populações inteiras, impunimente com a conivência de gestores públicos e políticos.
Embora os índices de satisfação de várias empresas sejam abaixo da crítica, elas seguem operando há anos sem o menor respeito pela população. Fala-se por aí que são os principais financiadores da falida política nacional.
Enquanto isso do outro lado do mundo a indústria ferroviária evolui oferecendo tecnologia e conforto capazes de dar qualidade a cidadãos que podem se dar ao luxo de encostar o carro e usá-lo apenas para o lazer.
Trens que levitam, por indução eletromagnética, metrôs modernos e confortáveis, monotrilho, VLT, bondes, e até veículos autônomos, atravessam as cidades europeias, asiáticas e norte americanas, transportando cidadãos satisfeitos a custo irrisório.
La transporte não é para empresários obterem lucro, mas para atender populações de forma eficiente, embora o lucro de fabricantes e operadores do sistema seja garantido. E quem paga é a própria sociedade através dos impostos bem administrados por gente séria.
Mas aqui a precariedade das frotas de ônibus que ligam as cidades da RMBH a Capital e a da própria cidade seguem caras, ineficientes, desconfortaveis, desafiando a lógica e o bom senso. Até quando serviços de segunda categoria, serão pagos a preço de ouro? O que está faltando, compromisso de empresários, vontade política, ou reação do povo conformado?
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Membro da Comissão Técnica de Transporte da SME – Diretor da ACMinas
Autor do Blog SOS mobilidade Urbana
CRA MG 08.0094/D
31-99953-7945