O Prefeito Alexandre Kalil determinou que os camelôs fossem remanejados do Hipercentro de Belo Horizonte para local adequado em 60 dias. As estratégias foram montadas pela equipe da Secretaria de Serviços Urbanos da PBH, mas o Ministério Público pediu que o prazo fosse prorrogado por mais 90 dias.
Há mais de um ano, ainda no governo Márcio Lacerda, as calçadas e quarteirões próximos ao entorno da Praça Sete foram tomadas pelo comercio informal, reacendendo um problema que parecia resolvido desde 2003, ainda no governo do então Prefeito Fernando Pimentel. A Prefeitura cochilou e os camelôs voltaram a todo vapor.
Atentos ao tamanho do problema, e consciente de que só a Prefeitura não consegue resolve-lo, embora ela tenha autoridade para tal, a Associação Comercial de Minas, entidade que tem sua sede no olho do furacão, na Av. Afonso Pena perto da Praça da Rodoviária, lançou o Projeto “SOS Hipercentro de BH”.
A iniciativa visa mobilizar empresários, poder público e órgãos envolvidos na recuperação do território do Hipercentro que vem paulatinamente sofrendo com a degradação e o esvaziamento. Ao invés de apenas cobrar, a ACMinas está propondo encontrar soluções para o problema que afeta a todos, o que é louvável.
Repare que poder público e empresários nesta experiencia caminham de mãos dadas e estão atentos a gravidade do tema, buscando, a quatro mãos, as soluções que devolverão a paz e a organização àquele importante pedaço da cidade. BH viveu momentos parecidos entre 1997 e 2007, quando o HIPERCENTRO centro foi tomado por quase 4 mil ambulantes e toureiros, década marcada por conflitos e grandes prejuízos para os cofres públicos e para o comércio, que na ocasião sofreu baixas irrecuperáveis, levando milhares de comerciantes à falência.
O cenário atual difere daquele apenas em relação aos números de ambulantes que são comprovadamente menores. A Prefeitura fala em 600 camelôs. Já os comerciantes dizem que pode passar de 1.000. Diferenças a parte, o importante é que o assunto está sendo tratado por todos os envolvidos, inclusive os próprios ambulantes, e sem truculência ou violência.
Sabe-se através de pesquisa realizada pela PBH que a maioria deles são trabalhadores da construção civil, de municípios vizinhos ou bairros distantes do centro da Capital, todos afetados pela crise, sem emprego e com pouca ou nenhuma experiência no comercio. Ou seja, trata-se de um ato de desespero pela sobrevivência que não visa prejudicar a cidade, mas que se mal administrado pode trazer grandes prejuízos para quem vive do comércio formal no centro e para quem mora, tendo em vista que junto vem a violência, a sujeira e a degradação do espaço publico.
Com efeito, se não bastasse a quantidade de baixas inerentes à crise e ao momento dramático por que passa o país, o comércio que gera impostos e mantém os cofres da PBH, caminhava para dias ainda mais difíceis do que aqueles vividos há 15 anos se algo não fosse feito imediatamente. Não é intenção de nenhum dos envolvidos, e isso fica claro nas declarações do presidente da ACMinas e de todos os envolvidos, varrer o problema para debaixo do tapete através da força ou de medidas paliativas, mas sim solucioná-lo, de modo a fazer com que ninguém saia prejudicado devolvendo a ordem ao centro da Capital.
A atividade além de prejudicar o comércio, aumentar a violência e deixar a cidade esteticamente comprometida, feia e suja, provoca desemprego no comercio formal e fuga de impostos em momento que a prefeitura não pode abrir mãos de recursos. Mas ao que tudo indica, as soluções que passam por um conjunto de ações e envolvem vários órgãos do poder publico municipal, estadual e federal e estão fluindo. Com o apoio de empresários é possível repetir o que deu certo lá trás com a criação dos shoppings populares e a revitalização do Hipercentro.
Espera-se também que a população de rua desta vez seja incluída nos projetos e que pessoas que vivem em situação de abandono, drogados e indigentes possam ser contemplados nas parcerias publico privadas que estão sendo construídas. A sociedade unida consegue resultados inimagináveis e este é o caminho para a solução dos problemas de uma cidade como Belo Horizonte.
José Aparecido Ribeiro, é Consultor em Assuntos Urbanos, Autor do Blog SOS Mobilidade Urbana – Portal UAI e Diretor da ACMinas. – 31-99953-7945