Municipalização do Anel Rodoviário; pode, mas não convém.

Embora esteja muito bem intencionado ao propor a municipalização do Anel Rodoviário, o Prefeito Alexandre Kalil precisa compreender o que esta importante e emblemática via, que corta BH ao meio, é de fato e de direto, e sobretudo, o que jamais ela poderá ser, como desejam alguns xiitas da mobilidade urbana, travestidos de pseudos especialistas.

O que o Anel Rodoviário é de fato?  Ele é a única via-expressa que a cidade possui e também única alternativa para atravessa-la sem interrupção de tráfego. O Anel cumpre papel importante de encurtamento de distancias em uma cidade que tem mais de 150 gargalos de trânsito crônicos e nenhum compromisso com fluidez. Não por acaso o seu fluxo intenso de mais de 160 mil veículos dia não para de crescer.

Outra coisa que merece destaque no Anel é que a velocidade de fato não é 70km/hs como desejam as autoridades de fiscalização, mas 90km/hs. Não por que os motoristas sejam imprudentes, irresponsáveis, mas pela inércia dos veículos. Andar a menos de 90km/hs inclusive torna-se arriscado o trânsito pelo volume e pelo fluxo natural da via.

O que o Anel Rodoviário é de direito? Uma rodovia federal que atravessa a região metropolitana e a cidade de Belo Horizonte, com categoria de trafego diversificada e volume superior ao que a via que foi construída em 1958 e reformada em 1979, permite. Ainda criança, no colo do meu pai, estive na inauguração do viaduto da Avenida Delta que passa por cima do Anel Rodoviário no bairro João Pinheiro e liga à BR 040, saída para Brasília. Isto aconteceu em 1972.

Naquela ocasião BH e região metropolitana tinham pouco mais de 150 mil carros. Hoje tem mais de 2 milhões de veículos e o viaduto, bem como todos os 26 km da via continuam os mesmos, com o agravante da ocupação desordenada que, pasmem, tem 5 mil famílias morando nas suas margens ou áreas de domínio.

O que Anel Rodoviário jamais poderá ser, com ou sem Rodoanel? Ele jamais poderá ser uma avenida, como desejam alguns “pseudomoralistas” da BHTrans e de algumas instituições que defendem a cidade como uma “casinha de bonecas”, e não uma Capital do terceiro principal Estado do país e em constante mutação.

Como única via expressa de fato, ou auto-pista, como queira, o Anel cumpre papel relevante que não pode ser desconsiderado. Sua posição geográfica no tecido urbano e o fato de servir a varias cidades, não só a BH. Portanto a ideia de transforma-lo em avenida é tão estapafúrdia que chega a ser inacreditável. Com efeito, ao propor a municipalização, mesmo com boas intenções o prefeito coloca no colo da BHTrans uma tarefa impossível, e esquece que a empresa não consegue sequer manter os sinais da cidade em sincronia, embora tenha recursos tecnológicos para isso.

Seria mais um desastre para a já falida mobilidade urbana que anda a passos lentos, escorada em discursos modernos e politicamente corretos contra o carro, mas sem propostas e nem planos capazes de vislumbrar soluções. Não há planos e nem compromisso.

O Anel esteve sob a responsabilidade do governo de Minas desde 2012 e há pouco tempo voltou para as mãos do DNIT. Sempre fui crítico do DNIT, mas pela primeira vez estou assistindo confiante a apresentação de  um plano que não resolve, mas elimina os 5 maiores gargalos do Anel Rodoviário, reduzindo quiça, as mortes por engavetamentos.

Portanto, em que pese à boa intenção do prefeito que merece nosso aplauso, sua proposta neste momento é inoportuna.

José Aparecido Ribeiro

Consultor em Assuntos Urbanos

Presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana

Autor do Blog SOS Mobilidade Urbana – Portal UAI

31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas