No hipercentro de BH os políticos falham, mas a PM conserta, ainda que leve tempo. Sempre foi assim. Em 2000, o centro de BH viveu momentos de tensão entre camelôs e Policia Militar, na ocasião comandada pelo popular e competente Cel. Severo Augusto, e também pelos Cel. Rômulo Herbert e Cel. Carense, no comando do 1o batalhão.
A desordem que teve fim em 2002 começou em 1995 no governo do paternalista e coroinha Patrus Ananias. Ironicamente um petista acabou sendo o articulador da solução. O nome dele? Fernando da Mata Pimentel, hoje governador encastelado.
Com a desculpa da falta de emprego, mais de 3 mil ambulantes e toreiros transformaram o centro da Capital em um verdadeiro “mercado persa”, sem lei, sem postura e liberado para tudo e mais alguma coisa. Entre 1995 e 2002, por causa da falta de pulso de 2 governos, Patrus e Célio de Castro, 30 mil comerciantes sucumbiram-se e a segurança do centro ficou em frangalhos.
A bancarrota, milhares de comerciários perderam o emprego e viraram camelôs, dando forma ao famoso círculo vicioso. Naquela ocasião a 6ª Cia da PM comandada pelo Capitão Argemiro tinha em seu efetivo 600 policiais, e mesmo assim não conseguia fazer segurança pública na região. Hoje, pasmem, a 6ª Cia tem pouco mais de 200 homens.
Era uma balbúrdia autorizada por 2 prefeitos que só enxergavam votos. Foi preciso escrever e aprovar o Código de Posturas, que estabeleceu regras para ocupação dos passeios do centro, para que a PM pudesse consertar os erros dos políticos. Votado sob forte protesto e pressão de camelos, o Código passou a funcionar e a PM entrou em ação resolvendo o problema que dois prefeitos autorizaram irresponsavelmente.
Com efeito, 2016 chegou e no apagar das luzes do governo Marcio Lacerda, o mesmo filme está de volta, há um ano. A Prefeitura de BH fala em 800 camelôs, mas o número real passa de 2 mil. O estreante Alexandre Kalil, menos preocupado com a política e mais atento aos efeitos da falta dela, deu ordem a Secretaria Maria Caldas para resolver o assunto em 90 dias. Articulada e experiente, ela partiu para o ataque.
Porém, a turma do “deixa disso”, liderada pelo MP, Procuradoria dos Direitos Humanos, pediu prazo e até abriu inquérito, acredite, contra a Secretaria, com a ordem de não mexer com os camelos. Eles têm o direito de ir e vir resguardado, mesmo que impeça o direito dos outros e desrespeitem a lei. Foi o salvo conduto que eles precisavam. A cidade, de novo, virou um mercado persa com o aval do “guardião da lei”.
Cumpridos os prazos novamente, e olha o assunto no colo da PM. É dela, como sempre a tarefa de colocar ordem na “CASA DA MÃE JOANA”, com todo o respeito e vênia das “Joanas” que não são mães e tem suas casas em ordem. Esperar que haja entendimento entre camelôs e autoridades é acreditar em Papai Noel.
O confronto é inevitável e o único meio para resolver o problema, a experiência, a historia e os cabelos brancos não me deixam outra alternativa. Tomara que o comandante das operações tenha a mesma fibra daqueles que comandaram a ações em 2000 e que a “turma do deixa disso”, já citada, não apareça para assistir e apoiar a PM ser apedrejada.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Ex-Presidente do CONSEP 4 e Ex-Diretor da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de BH.
Autor do Blog SOS Mobilidade Urbana – Portal uai.com.br
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