O prefeito Alexandre Kalil esteve em Brasília na ultima terça 9/1 em reunião com o ministro dos transportes, Maurício Quintela Lessa (PR). Na pauta o fechamento do Anel Rodoviário de BH para o tráfego de caminhões pesados. Para alguns uma ação correta, que visa tirar o “macaco” dos ombros da prefeitura de BH e colocá-lo na “carcunda” do governo federal, que é de fato e de direito o “pai da criança”. Para outros, mais uma ação populista, típica do prefeito marketeiro que não perde a oportunidade de polemizar.
Kalil ouve pouco e faz o que “dá na telha”. Se a intenção foi de fato fechar o Anel para caminhões, paralisando a logística de transporte que atravessa MG ou tentando desviar o tráfego para onde não existe via adequada, ele merece vaia. Se, contudo o desejo é trazer as atenções e o próprio ministro a BH para ver de perto a lastima que é a infraestrutura do Anel Rodoviário, ao que parece ele está conseguindo e merece nosso aplauso.
O ministro desce no aeroporto da Pampulha na manhã de segunda feira e sua agenda não pode ser outra se não, conhecer de perto o problema. Todo mundo sabe que não existe desvio para caminhões que atravessam Belo Horizonte vindos do Rio pela BR 040, tampouco espaço e razoabilidade na proposta de deixá-los parados 3 ou 4 horas em local com infra estrutura adequada no município de Nova Lima. A logística para essa ação não pode ser menor do que a capacidade de articulação dos agentes públicos e privados envolvidos no problema.
A ação causaria prejuízos incalculáveis para as transportadoras, com risco de desabastecimento do Ceasa e dos centros de distribuição ao seu redor. Consciente ou não, Kalil está movimentando as forças políticas em busca da solução definitiva de um imbróglio que faz aniversário de 30 anos e que ele herdou. Sem a construção do Rodoanel, solução definitiva e viável para o trânsito de caminhões pesados, tudo mais é paliativo, artifícios para empurrar o problema.
Com efeito, este é o caminho, já que na política o parto sempre acontece a fórceps. Contudo, até lá, pode-se eliminar gargalos onde eles não deveriam existir (passagem de nível do bairro Industrial, e viaduto da Av. Amazonas), criar o portal do Anel, sinalizando adequadamente, com fiscalização permanente, presença física da PM e da Guarda Municipal, pelo menos nos horários de maior incidência de acidentes – 16H as 20H. É possível também criar caixas de desaceleração e estabelecer a fila indiana na descida do Betânia para caminhões neste horário.
Vale lembrar que não há uma única placa indicando que o trecho apresenta altos índices de acidentes e que existe possibilidade de retenção de tráfego no final da descida. Não há orientações para caminhões que não são de MG no sentido de usarem freio motor e poupar lonas desde o Jardim Canadá. Todos os acidentes com morte no Anel envolvendo caminhões, tiveram em comum o fato de estarem passando pela primeira vez na via.
Quem conhece as armadilhas do Anel toma as precauções. Quem não conhece não imagina que vai encontrar engarrafamentos no final da descida, pois trata-se de uma rodovia. Portanto, bastaria que nos horários de pico, a fiscalização incluísse a interceptação de caminhões, em especial os bi-trens, orientando sobre os perigos e tirando de circulação aqueles suspeitos de excesso de peso e manutenção precária. São 32 km de descida ao todo, desde a barreira da Polícia Rodoviária Federal em Água Limpa, e não existem placas alertando que no trecho urbano os freios serão requisitados.
Portanto a criação do portal do Anel, a eliminação dos dois gargalos que provocam engarrafamentos, a articulação para a construção urgente do Rodoanel e da reforma definitiva do Anel, fiscalização e sinalização diferenciada, são ações que poderão evitar acidentes e eliminar de vez a ideia de fechamento da via para caminhões.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – Blogueiro no portal uai.com.bh – DRT MG 17.076
Membro da Comissão Técnica de Transporte da Sociedade Mineira de Engenheiros.
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Articulista das revistas: Mercado Comum, Minas em Cena e Exclusive