Nunca fui chegado a carnaval, mesmo na infância aproveitava o feriado prolongado para aventuras que incluíssem contato com a natureza, de preferência onde a água fosse abundante, locais com cachoeiras, córregos e poços para um bom mergulho, sem risco de afogamento é claro. Naquela época não existia temores de encontros desagradáveis que pudessem custar à vida.
Bandidos sempre existiram, mas eles não eram cruéis como os de hoje. Quando o passeio acontecia perto de uma cidadezinha que tivesse carnaval, vez ou outra se abria uma exceção e caíamos na folia, embora o objetivo principal não fosse o de brincar, mas descansar e aproveitar a natureza, de mochila nas costas, barracas e o espírito de escoteiro.
Minas Gerais não custa lembrar, é terra privilegiada no quesito cachoeiras, córregos e natureza exuberante. Pelo menos era assim antes do fenômeno das minerações que chegaram destruindo a vegetação, as nascentes que formam córregos e rios. De certo os homens que levam o minério e deixam o rastro da destruição não viveram o que nós vivemos na infância. Não sabem o valor de um poço de água límpida para um bom mergulho.
Mas vamos a algumas constatações importantes sobre o carnaval de BH, que teve mudanças importantes nos últimos anos, transformou-se em um dos maiores fenômenos espontâneos e democráticos do Brasil. A festa que começa algumas semanas antes, com ensaios de blocos vem se consolidando como uma das maiores, chamando atenção de turistas nacionais e internacionais. Espera-se para 2018 nada menos do que 4 milhões de foliões nas ruas da capital.
Se o desejo é fugir dos pacotes tradicionais mais caros como os de Salvador e Rio de Janeiro, BH oferece acesso gratuito aos blocos carnavalescos, uma hotelaria qualificada e preços justos. A cidade não tinha velas acesas nas encruzilhadas há alguns anos. Estudava-se transformá-la no destino do sossego. Milagrosamente o carnaval hoje é objeto de desejo de milhões de foliões dos quatro cantos do Brasil, com destaque para os que vêm do interior de MG, tendo ou não parentes na capital.
Com efeito, o carnaval de BH é um fenômeno popular capaz de comprovar que a maior ajuda que um governante que tem juízo pode dar a uma cidade, é não interferir. Ou interferir o mínimo possível. Parabéns a Belotur e a PBH pela forma profissional que vem tratando o tema. Boa folia, e não esqueça que na quarta feira a vida volta para mais 11 meses de labuta, com a gasolina possivelmente fechando o ano a R$7 o litro! E nós… Nós não faremos nada.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista e blogueiro no portal uai.com.br
Colunista nas revistas Minas em Cena, Mercado Comum e Exclusive.
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