Passadas duas semanas do carnaval, o trânsito de Belo Horizonte segue à deriva de sinais, sem perspectivas de melhoras. O silêncio das autoridades conta com a passividade da população. O cidadão belo-horizontino está se acostumando com o caos, aceitando horas de engarrafamentos sem reclamar. Os prejuízos são incalculáveis para o bolso e em especial para o meio ambiente. O ano começou e até agora o gestor municipal não apresentou um plano de emergência para enfrentar o problema.
O que se ouve na maioria das rádios não representa a realidade. Repórteres sobrevoam a cidade em helicópteros para dizer o que todo mundo já sabe e onde estão eventualmente carros com defeito, emitindo sinais para as autoridades de que a causa do problema é do motorista e não da incompetência de quem cuida do assunto. A análise superficial do tema acaba virando um desserviço para a cidade. Melhor que não existisse.
O que a população precisa ouvir e não é dito, é o que a prefeitura esta fazendo para eliminar gargalos crônicos que provocam retenção de trafego impedindo a fluidez do trânsito na cidade inteira. A BHTRANS segue desnorteada, afunilando ruas com obras inúteis, tentando na marra tirar carros de circulação. Planos isolados a exemplo do que foi feito no bairro Castelo recentemente conseguem deixar a situação ainda pior. A alternativa ao carro, segundo o dicionário do gestor do trânsito é BRT e ciclovias. Nada além disso.
O sistema de transporte por BRT está saturado, é desconfortável e limitado. A segunda opção atende 0,6% da população, praticamente inexistente, embora insistam na tese de que bicicleta é meio de transporte em uma cidade de clima quente e montanhosa. Ou seja, duas ações que não tem apelos para provocar mudanças de comportamento. Prova inconteste de que existe um hiato entre as diretrizes da BHTRANS e o desejo da população. Só não enxerga quem não quer.
Para agravar, a cidade possui um passivo de 40 anos sem obras estruturais. Devo lembrar que carros não são dirigidos por et´s, mas por indivíduos que fizeram escolhas e que merecem respeito. Para os que criticam o blog, seguem algumas sugestões: Mapeamento dos pontos nevrálgicos do trânsito, com alocação de recursos humanos nas horas de picos visando intervenção no trafego com inteligência para permitir fluidez. São mais de 150 pontos que merecem atenção.
Mapeamento de rotas alternativas com asfaltamento e boa sinalização incentivando os caminhos alternativos; criação de corredores com poucas interrupções de tráfego, ligando as principais avenidas, usando o complexo da Lagoinha como eixo central de distribuição, com destaque para os binários, ruas Paracatú/Araguarí, ligando a av. Amazonas ao complexo da Lagoinha. Ruas Timbiras/Gonçalves Dias, ligando a av. Amazonas à av. Afonso Pena e a av. Brasil. Já em direção a zonal sul, a Av. Bias Fortes recebendo alça saindo do viaduto Oeste em direção a Praça da Liberdade, a Amazonas e a Savassi.
Eliminação de estacionamentos “faixa azul” nos principais corredores e nas rotas alternativas, aproveitando as totalidade de faixas de rolamento; inversão de tráfego pela manhã e no sentido contrário à noite nas av. Antonio Carlos e Cristiano Machado, liberando pista do MOVE para o fluxo inverso; interação de agentes por comando de operações e rádios; com sincronização de sinais e informações. Tudo isso tendo fluidez como meta principal.
Programa de recapeamento dando prioridade aos corredores e as rotas alternativas; eliminação de sinais substituição por passarelas, trincheiras ou viadutos nos corredores de acesso a zona oeste, (Via Expressa) leste, (Andradas). Norte (Cristiano Machado e Antonio Carlos). Obras nos cruzamentos da Av. Amazonas, transformando ela em um corredor sem interrupção até a av. Barbacena e à rua Araguari. Antes que me perguntem onde está o dinheiro para as obras? A pergunta deve ser feita para quem nos governa. Afinal, essa é a missão do gestor publico: Saber priorizar e aplicar os recursos com inteligência e eficiência. O Kalil deve ter a resposta, espera-se.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista e blogueiro no portal uai.com.br
Articulista nas revistas Minas em Cena, Exclusive, Mercado Comum e Entrevias
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