Afrouxe os cintos, relaxe, não adianta buzinar, a BHTRANS sumiu. Não sumiu hoje, está sumida há muito tempo. Perdeu o direito de multar, perdeu a credibilidade, mas não perdeu a pose. Segue fazendo apenas o básico, ou nada. Hoje foi a chuva, amanhã será o futebol, depois um acidente no Anel Rodoviário, uma manifestação, e por aí vai…
A velocidade de resposta às contingências somada à infraestrutura deficitária da cidade, que parou no tempo há 40 anos resulta inevitavelmente no que estamos assistindo, um verdadeiro caos. Uma cidade à deriva de sinais. E quando eles também param como hoje?
Belo Horizonte travou mais uma vez nesta manha de sexta feira, 02/03 e a BHTRANS novamente mostrou que não dá conta do recado. A leitura obtusa da realidade, o medo e a incapacidade de ousar são as marcas fortes do gestor do trânsito, com a conivência de políticos inexperientes, fanfarrões.
Para completar o quadro desolador, parte da imprensa mostra apenas a superfície do fenômeno, a população por sua vez segue desmemoriada e passional, com raras exceções. Motoristas se agridem mutuamente, mas logo esquecem que a gestão do trânsito é feita por gente como a gente que não está fazendo o dever de casa. Acomodaram-se, alguns são mesmo preguiçosos, esperam pela aposentadoria e não querem tirar a bunda da cadeira.
Eles batem cabeça, fazem eventos, palestras, instalam fóruns inúteis para legitimar os equívocos, tentam justificar o injustificável, pedem a colaboração da população para mudar hábitos, tentam desestimular o uso carro, mas não conseguem avançar nos resultados. Esquecem que carro é desejo numero um de consumo do brasileiro, mesmo com a economia em frangalhos.
Acostumaram com a mediocridade, não são cobrados, não tem metas, não recebem punição e não perdem o emprego se você perder o seu por que o transito não andou na manhã de um dia de chuva, ou quando o Anel Rodoviário para, ainda que não seja mais possível prever o tempo de deslocamento de casa até o trabalho. São especialistas em argumentos toscos.
Tentam implantar modelos de gestão da mobilidade que não servem para BH: afunilam cruzamentos, fazem pirraça, mudam sentido de ruas, instalam sinais, radares, detectores de avanço, placas, fecham quarteirões, alargam passeios, proíbem estacionamentos, instalam quebra molas, mexem pra lá e pra cá, mas o caos só aumenta.
Enquanto isso, tempo, dinheiro e a saúde da população são desperdiçados nas ruas de Belo Horizonte. Toneladas de CO 2 despejadas na atmosfera e nada acontece, sempre haverá uma desculpa. Até quando?
José Aparecido Ribeiro
Jornalista e blogueiro no portal uai.com.br
Membro da Comissão Técnica de Transporte da SME
Colunista e articulista nas revistas: Exclusive/Minas em Cena/ Mercado Comum.
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