Para Luiz Inácio Lula da Silva e a militância do PT, à justiça correta é aquela que faz o que eles querem, acham que é a certa e não o que manda a lei. O petista aceita os chamados da justiça, comparece em sucessivas audiências, usa os recursos disponíveis que o direito e a própria justiça lhes oferecem em um país republicano, reconhece a autoridade do Juiz Sérgio Moro, mas não aceita suas sentenças.
Se não for do jeito que eles querem, não tem qualquer valor, é golpe. Foi assim também no impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff, na prisão de José Dirceu, e será sempre que forem contrariados. Eles são mestres em narrativas de vitimização, politizam o direito de acordo com suas conveniências. Fazer justiça para os petistas, se não for a deles, é perseguição, abuso de poder, motivo de reclamação à fóruns internacionais, ainda que o Brasil seja um país independente e livre.
O “modus operandi” do partido contradiz o que ele sempre pregou: o estado democrático de direito que prima pela autonomia dos poderes. O PT, que outrora foi um partido progressista, desta forma caminha para se transformar em uma religião fundamentalista extremista, cujo instrumento de luta é à bala. Tivesse juízo e menos apego ao poder, fosse de fato preocupado com os interesses da nação, Lula poderia capitalizar a derrota, pela via da humildade, beneficiando a si mesmo e ao partido que ele fundou e age como dono.
Com efeito, Lula desqualifica a República e desmoraliza a democracia brasileira, já cambaleante, cansada de ser traída por populistas e ladrões. Ele não tem limite, mas tem coragem de se comparar a personagens da história como o norte americano Martin Luther King, e o sul africano Nelson Mandela. O político esquece que tais líderes lutavam contra o racismo e a favor da igualdade entre negros e brancos, não eram políticos apegados. Lutavam também pela liberdade e por justiça, pregavam a união, e não a divisão dos seus países.
Nunca estiveram envolvidos em falcatruas, ativa ou passivamente. Nem tampouco ao lado de ladrões, eram homens honestos, probos e idealistas. Essa avareza de Lula pelo poder revela entre outras coisas um distanciamento da realidade. Na cabeça do ex-presidente, o eleitorado brasileiro é composto por militantes petistas, pelo MST, via campesina e não de cidadãos que pensam, tem discernimento, inteligência e que deseja ele longe da política, por várias razões, inclusive o reconhecimento pelos serviços prestados ao país enquanto foi presidente.
Lula não compreendeu que nada é para sempre, exceto a morte. Poderia entrar para história como um líder que teve papel importante para o Brasil. Mas o apego, a vaidade excessiva e a sede pelo poder estão deixando sua visão turva, o que dá a impressão de que de fato é um idiota, e não um Estadista. Lula aliás não é Deus, muito menos santo, tampouco insubstituível. Já deu, hoje prejudica mais do que contribuiu.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista, blogueiro no portal uai.com.br – DRT 17.076 – MG
Colunistas nas revistas – Minas em Cena, Mercado Comum e Exclusive
jaribeirobh@gmail.com – 31-99953-7945