Uma vez “canalha, sempre canalha”, é assim que carinhosamente trato o amigo jornalista Walter Navarro. Quem dera que os canalhas brasileiros tivessem o talento e o coração do Waltinho!
Foto: com Waltinho Navarro no lançamento do livro – 5 Garrafas, que recomendo.
Crônica de Walter Navarro – Jornalista, escritor e metido a francês.
Eu não ia, não queria e, principalmente, não deveria escrever sobre a morte do José Eugênio Soares; Jô, para vocês. Mas, a pedidos de Campinas, onde me encontro e até de Nova York, onde gostaria de me perder, de novo, vou escrever. Não queria escrever por preguiça e porque tinha tema melhor: o reencontro com a mesma Campinas, os mesmos amigos de 38 anos atrás. Com a margem de erro, talvez mais.
São cinco dias, restam dois. Assunto para mais de dez crônicas. No mínimo. Espero ter este tempo todo. Dia 5, como agora, 6 de agosto de 2022, 19h, eu estava sozinho no quarto do hotel, com mil planos. Aí, a 90 km daqui, Jô morreu. Mas parecia que ele tinha morrido dentro de meu quarto, dentro do meu telefone: assunto único. Que canseira!
O hotel é legal. A única lama é a TV. Por mesquinhez, oferecem o pacote mais básico da NET. Só porcaria! A principal e mais asquerosa é a GloboNews, com seu mantra: falar mal do Bolsonaro! Não interessa o assunto, eles acham um jeito de culpar o nosso Presidente. Coisa insuportável e ridícula.
Eu que cago e ando para automóvel, até tentei o Canal do Carro, 24h com publicidade das concessionárias de Campinas. Muito chato. Voltei à GloboNews para descobrir do que morreu o Jô. Não demorou um minuto e veio um imbecil falando que o “genial Jô, que falava cinco línguas”, escreveu uma carta para Bolsonaro, em francês, ironizando Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
PQP! É muita perseguição com falta do que fazer, desenterrar um negócio que nem aconteceu.
E vem cá! Por que uma carta em francês? Coisa mais esnobe e antipática! Isso é coisa de gente boa e educada? Mas, eu nem conhecia esta história maravilhosa! Tanto que nem dormi ontem! Usar a morte do “genial Jô” para ridicularizar o Presidente? Quem precisa falar francês é o Macron! Tem candidato aí que tortura a língua portuguesa diariamente.
Nenhuma surpresa, Jô ser mais um esquerdinha caviar. Entra na fila! O buraco é mais embaixo.
Foto: Pintrest – Jô Soares
Sinceramente? Jô Soares? Para mim, é só e apenas mais um Jô Soares, pronto e ponto. Da geração dele? Mil vezes mais Agildo Ribeiro e Chico Anysio. Chico, este sim genial, só fez uma cagada: comeu a Zélia que, não contente, ainda sujou a biografia do Fernando Sabino. Mas tudo bem. Lei da Selva! Cada um come o que gosta, o que pode.
Jô foi engraçado, há mais de 40 anos, com alguns personagens e acabou. No mais, que gordo não é engraçado? De Churchill até mim e eu mesmo, todos são. Mais engraçado que gordo tirando as calças, só gordo vestindo as calças ou amarrando os sapatos. Acontece que, no Brasil, morreu? Vira santo, gênio, brilhante, exemplo e blá blá blá!
Jô Soares era inteligente? Claro! E daí? Com todos os privilégios que ele teve, só podia, não fez mais que obrigação. Era culto? Sim, mesma coisa. Falava cinco línguas? Sei não…
Gostaria muito de ler esta carta em francês, para o Bolsonaro… O francês do Jô era da Suíça… Aprendido há mais de 70 anos… Que outras línguas ele falava? Inglês de Tarzan? Italiano? Frase solta eu falo até em alemão turíngio da Baixa Germanidade Saxônica! Mas tudo bem. Em terra de cego, até presidiário é estadista!
Apresentador e entrevistador genial! Jô cometia o pecado mais capital numa entrevista: falava mais que o entrevistado. O único cara que conseguiu falar mais que ele, em minha memória de isopor, foi o alucinado José Celso Martinez Corrêa, que dava aula para postes e portas. Entrevistador para mim é o Pierre Desproges com a Françoise Sagan e paro aqui. Por favor, não é birra minha. Apenas revejam uma das 15 mil entrevistas dele no Youtube. As piadinhas sem graça… O riso falso… Risada mais falsa só a do Bira, que devia receber um bônus do chefe por aquelas constrangedoras performances. Risos de desespero…
Inveja eu? De quê? Sem SBT e Globo já fiz mais de mil entrevistas. E é nada demais, é nossa profissão. Inveja de um gordo, melancia, dândi enrustido e esquisitão? Jamais. Só se for da conta bancária dele… Mas hoje joguei na mega sena.
Conseguem perceber que minha antipatia é nada pessoal? Tô exagerando, sendo escroto? Desrespeitando? Simplesmente, Jô, para mim, fedia nem cheirava. Dia 1º morreu o Ameba, o cachorrinho da minha irmã, que vai fazer muito mais falta e a GloboNews não falou uma só palavra…
Vou até repetir! Sim, Jô já me divertiu muito e claro, vi várias de suas entrevistas. Apenas, acho nada demais. A começar pelo formato do programa, completamente chupado dos Estados Unidos. Como se chamava aquele cara engraçado mesmo? Larry King? Não. David Letterman!
O que me incomoda é o endeusamento, o exagero. Na bosta da GloboNews, no bosta do Facebook… Os mesmos elogios, com as mesmas palavras: genial, brilhante, inteligente, sensível… Que perda! O Brasil está mais pobre… O céu está mais rico e engraçado… Dá vontade vomitar, kkkkkkkkkkkkk. Sorry!
“O mineiro só é solidário no câncer”. No câncer incurável! E o “brasileiro é tão bonzinho”, não é verdade? Como é fácil jogar confete e soltar um “genial”! Que saudade! Insubstituível! E agora, meu Deus? O meu boi morreu! O que será de mim e da Cultura brasileira? Com Jô morre a palavra “integridade”! Amantes? Nunca as teve! Reserva Moral da Nação! Aqui; só uma coisa é mais fácil que elogiar um morto: roubar o sorvete de uma criança paralítica e vesga.
Jô Soares escritor! Nunca li, nem quero. Recuso-me a ler um livro com o título “O Xangô de Baker Street”. Ainda prefiro Sherlock Holmes. E “O Homem que matou Getúlio Vargas”? Desde o colégio desconfio que Getúlio tenha se suicidado para sair da vida e entrar na História…
E por falar em Getúlio, o Napoleão dos Pampas, este sim era golpista, autoritário. O ditador que enviou a Olga Gutmann Benário Prestes, grávida, para um campo de concentração de Hitler. Valei-me Carlos Lacerda!
Curiosidade. Hoje, ninguém falou do Jô. Talvez ele não consiga ser beatificado. Será que só eu estou me lembrando dele? Pelo menos não preciso mais ler: “Um beijo do Gordo”, kkkkkkkkk. Que antipatia! Mas genial, tá? Bom, enfim, chegou o momento de falar da minha bunda com Jô.
Pelo menos uns quatros amigos e amigas postaram no Facebook fotos de suas entrevistas no Jô, como se, cinco minutos depois, ele lembrasse o nome deles. Pois é. Por um segundo, também participei do “Programa do Jô”.
Foi assim. Meu “muy amigo” Ziraldo, outro adepto da esquerda festiva, foi o último entrevistado vivo e ao vivo do Jô, em 2016. Acontece que era a 24ª vez de Ziraldo. Em 1999 e começo dos anos 2000, Ziraldo, grande (a)fundador – segundo ele mesmo – de revistas e jornais, lançou as revistas “Bundas” e “Palavra”, além de ressuscitar “O Pasquim”, como “O Pasquim 21”, tudo fracasso de público, audiência e principalmente anunciantes. Tudo fogo de palha.
Na mineira “Palavra”, fui colaborador até ser demitido pela “muy amiga” Ângela Gutierrez que comprou as dívidas da revista para não enterrá-la como indigente. Em “O Pasquim 21”, Ziraldo nunca me quis porque, à época, eu ele e o Brasil acreditávamos que o PSDB era o contrário do PT, kkkkkkkkkkkkk. O jornal descia a lenha em FHC e ao mesmo tempo dava lindas capas para os vagabundos Lula, Zé Dirceu et caterva.
Na revista “Bundas”, a mesma coisa. O papel era novo, mas as ideias e o humor eram morangos mofados dos anos 70. Um ranço só. Turma do Bolinha, turma do Ziraldo. Humor novo e de verdade era o do “Planeta Diário”, “Casseta & Planeta”, “TV Pirata”. O máximo que consegui foi “colaborar”… E como modelo fotográfico!
Ziraldo encomendou uma foto em Belo Horizonte: quatro delícias peladas, de costas, olhando para o horizonte. No meio delas, o “editor” de “Bundas”: eu.
Eu e os fotógrafos Paulo Laborne e Lincoln Continentino fizemos o sacrifício de ir ao puteiro “New Sagitarius”, em Belo Horizonte, para, literalmente, a dedo, escolhermos as “modelos de vida fácil”.
Fomos e rebocamos as quatro mais gostosas. Uma de cada cor, uma mais suculenta que a outra. Fomos para o estúdio do Paulo Laborne, o Paulão, autor da foto que ilustra esta crônica sem fim. As quatro completamente nuas e peladas… Aquele perfume de gardênia no ar… A lourinha, ao meu lado? Bunda mais perfeita e linda que já vi. Foi a capa do número 1 da “Bundas”, podem conferir no Google.
No Rio, Ziraldo trocou o fundo da foto pelas Ilhas Cagarras, em frente à Ipanema. Aí e enfim, Ziraldo foi ao “Programa do Jô” lançar a revista e levou o primeiro número, repleto de bundas femininas. Jô pegou a revista, folheou, elogiou com “aquela sinceridade sincera”, parou exatamente na minha foto com as quatro ninfas, e perguntou: “Quem é o rapaz da foto”?
E o Ziraldo, “muy amigo, muy mineiro”: “Ah! É um colaborador…”…
E assim, minha bunda foi a única masculina a ser publicada na revista “Bundas”. E assim, quase que o Jô escuta o meu nome, pela primeira, única e última vez. Obrigado pela consideração, Jô! Você deve ter gostado da cueca amarela de Piu Piu, emprestada pelo Paulão. Piu Piu que sempre odiei porque eu gosto é do Frajola, do Coiote, do Dick Vigarista e do Muttley.
Para terminar, juro e prometo. Aquela ratazana petista, o Juca Kfouri, que deveria restringir-se às besteiras do futebol, também veio com uma piadinha “engraçadíssima”. Disse ele que o médico perguntou ao Jô se havia alguma visita que não queria receber. No que Jô teria respondido com um sorriso “bem natural”: “Só o Bolsonaro”.
Pois meu querido e “jenial” Jô; você, turma e quadrilha tomaram “O” tapa de luva. Você não viu o Twitter do Bolsonaro, então, te conto. Ele foi um “gentleman”! Sincero como sempre, lamentou tuas opiniões, tua morte; respeitou-as e, no final, até te elogiou, mas sem mandar “um beijo do magro”.
ps: E eu não queria escrever sobre o Jô. Imaginem se eu quisesse…
Foto: Livro do Jornalista Walter Navarro – 5 Garrafas
Walter Navarro, o “canalha” mais gente boa que conheço!
José Aparecido Ribeiro é jornalista
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