Assim como publiquei a carta de uma leitora que reclama de hotel para cachorros que acabou com o sossego do seu lar, segue a contestação de uma pessoa que defende o outro lado e que parece ser proprietária de um hotel para cachorros, cujo WhatsApp aparece com o nome de Elisa. É para ela a resposta a seguir que vem acompanhada da mensagem na íntegra.
Minha resposta à mensagem enviada ao blog no espaço do leitor:
Bom dia. Agradeço o contato e peço que leia novamente o texto. Eu não disse que hotéis são epidemia, mas o barulho provocado por latido insensate sim, moro em um dos locais mais tranquilos de BH, o bairro Vila Paris, e ao redor do prédio, que moro ouço nitidamente mais de 20 cachorros latindo sem parar, por vezes todos juntos em uma orquestra que costuma levar ao desespero.
Acredite, o meu vizinho de cima, que até recentemente era uma pessoa sensata e um excelente companheiro de prosa, colocou o cachorro dele que pula e late sem parar para morar encima do meu quarto. Certa vez, educadamente, educadamente perguntei o que estava acontecendo e a resposta veio como um soco e aos gritos, “meu cachorro está doente”, bateu o interfone rispidamente para nunca mais conversar e tornar-se inimigo, só por que perguntei o que estava acontecendo para o cachorro latir e pular tanto.
Repare que não são os cachorros os culpados do incômodo, mas a dificuldade dos seus donos em compreender que eles não estão sozinhos no mundo e que o direito de um termina quando começa o do outro. Este foi o relatado na matéria. A Lei garante o direito ao sossego para todos, contra qualquer atividade que gera ruídos capazes de perturbar a vida alheia.
Entendo que bastaria o bom senso para evitar desavenças ou demandas, mas o que é incômodo para uns, vira música para outros, os latidos de cães sem limites. Portanto nem eu, tampouco a leitora que teve o seu texto publicado, como pretendo fazer com este, é contra hotel de cachorro, e sim contra qualquer atividade ou comportamento que incomode o direito de qualquer pessoa à tranquilidade.
José Aparecido Ribeiro
Na íntegra a seguir o texto enviado para o WhatsApp do SOS MOBILIDADE URBANA pela Sra Elisa.
“ Boa tarde. Tomei conhecimento de uma postagem no Portal Uai com sua assinatura e tomei a liberdade de escrever-lhe, uma vez que o que ali foi dito me afetou bastante pessoalmente. A partir do momento que se escreve que “hotéis para animais são uma epidemia que afeta milhares de lares” deixa-se de considerar as inúmeras vantagens de existirem serviços voltados para o setor Pet que emprega milhares de pessoas e ajuda outras milhares a terem vidas mais tranquilas sabendo que seus animais estão bem cuidados nas mãos de profissionais. O setor pet está em franca expansão e movimenta a economia de nosso país. Entendo que, por vezes, possa ser difícil controlar os animais em um ambiente cheio deles, com origens diferentes e temperamentos diversos, mas o que acontece não está perto de ser um importuno persistente. Os cães não latem durante o dia todo, são episódios que podem acontecer algumas vezes ao dia devido a movimentação de entrada e saída dos animais e, claro, situações em que estão se divertimento ou tem algum desentendimento. De todas as maneiras, como estão sempre acompanhados os monitores tentam ao máximo controlar essas manifestações, mas eles são animais e, por isso, é evidente que algumas situações não podem ser contornadas. Ademais, em muitos casos, sobretudo durante a noite, os latidos não são provenientes do hotel, mas de animais que são deixados sozinhos em suas casas ou que dormem em área externa. Apesar disso, é mais fácil para os incomodados colocarem todo o fardo sobre o estabelecimento. Entendo que, claramente, o blog se destina a pessoas que além de se sentirem incomodadas não tem nenhum tipo de afeto por animais, mas também para pessoas com pouquíssimo entendimento de como funciona o comportamento animal. É claro que a vizinha não relata que os incomodados utilizam buzinas quando os animais latem esperando que eles parem, mas estão apenas provocando neles mais reações que os levam a latir ainda mais. Também é óbvio que omite que vizinhos mais próximos chamam pelos animais e assobiam para eles apenas a fim de conseguir gravações deles latindo, mesmo quando, na verdade, estavam bastante calmos e quietos. Enfim, entendo que algumas situações podem ser desconfortáveis para os vizinhos, mas garanto que os hotéis sérios tentam de tudo para amenizar tal situação. Apesar disso, falta bom senso para os próprios incomodados que acabam propiciando situações que tornam muito difícil a manutenção da harmonia. Continuem lutando diretamente na prefeitura para que empreendimentos como esse não sejam permitidos, mas também auxilie seus leitores a terem atitudes que facilitem a negociação entre eles e os estabelecimento.”