Apesar do contorcionismo da velha imprensa a serviço do Palácio do Planalto, a Instrução Normativa 2.219 naufragou, junto com a moral do governo Lula

O recuo de Lula revela que a democracia direta existe e pode ser praticada no mundo digital, explica também o desatino da imprensa por dinheiro fácil do governo

O recuo forçado do governo em relação a normativa da Receita Federal, que exigia declaração da movimentação de Pix, que não significa lucro, tem significados muito maiores do que um movimento político ou o que possa ser apresentado pela velha imprensa, que não se cansa de dar vexames e confessar sua promiscuidade junto aos poderes em Brasília. Comportamento digno de vergonha para o jornalismo consorciado, que não honra a ética deontológica da profissão.

O recuo de Lula revela que a democracia direta existe e pode ser praticada no mundo digital, explica também o desatino das autoridades palacianas em censurar as redes sociais, que se bem utilizadas, podem derrubar governos, sobretudo os ilegítimos. As declarações do Deputado Federal Nikolas Ferreira (PLMG) em vídeo que viralisou, alcançaram, pasmem, mais de 300 milhões de visualizações na internet, com destaque para o Instagram, forçando o governo a voltar atrás e cancelar a normativa que era preparação para taxar os mais pobres. Nikolas “MATOU A COBRA E MOSTROU A IMPORTÂNCIA DO PIX”.

A Receita Federal do Brasil (RFB) havia implementado, em 18 de setembro de 2024, a Instrução Normativa nº 2.219, que atualizava as regras para o monitoramento de transações financeiras, incluindo aquelas realizadas via Pix, passando a valer em 1º de janeiro de 2025. Essa normativa ampliaria os limites para a obrigatoriedade de reporte: movimentações mensais superiores a R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas deveriam ser informadas à RFB pelas instituições financeiras.

Contudo, graças a mobilização popular, incentivada por um vídeo explicativo do deputado mineiro, em 14 de janeiro, fez o governo anunciar, em 15 de janeiro de 2025, apenas um dia depois, mediante repercussões tsunamicas, (palavras do Jornalista Alexandre Garcia), a revogação da norma que preparava o terreno para a sanha arrecadatória do governo Lula, o mais perdulário da história do Brasil. Vale lembrar que a Inconfidência Mineira, movimento que levou o Alféres Tiradentes para a forca em 21 de abril de 1722, ocorreu pela revolta com o “quinto,” e a derrama, que significavam 20% de impostos de tudo produzido na então Colônia, para a Coroa Lusitana, e não 35% como ocorre hoje.

Com efeito, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, obediente como a maioria dos jornalistas brasileiros, afirmou que a medida foi tomada para evitar distorções e tranquilizar a população sobre o uso do Pix. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a publicação de uma Medida Provisória para assegurar que o Pix não será tributado, equiparando-o ao pagamento em dinheiro, o que ele já é de fato e de direito, desde que foi implantado no governo Jair Bolsonaro por Paulo Guedes. Ou seja, estão tentando limpar a barra do governo que está mais suja do que poleiro de galinha.

Outra escorregada feia e reveladora, ocorrida neste histórico 15 de janeiro, vai para a conta da imprensa, que mais uma vez mostrou de que lado joga, e a serviço quem está está. Pasmem, Barreirinha declarou em alto e bom som que “desejava agradecer o apoio da imprensa que tentou ajudar o governo a emplacar a normativa, mas que não foi possível, graças as fake news.” É importante perguntar ao sacripanta qual fake news ele se refere, a da imprensa ou a do governo?

Não existe qualquer dúvida, até para os estúpidos que defendem o desgoverno Lula, que a imprensa, em peso, salvo raras e honrosas exceções, está a serviço do palácio do Planalto fazendo assessoria de imprensa e não jornalismo que é o seu dever. Os intervalos dos telejornais e as contra capas dos principais jornais, portais de notícias e sites, escancaram o toma lá dá cá. A imprensa fala o que o governo quer, e os anúncios brotam como mato, na tabela cheia, pagos por todos nós. Um verdadeiro ESCARNIO.

O dia 15 de janeiro fica marcado também por uma demonstração inequívoca de que o povo não confia mais no jornalismo brasileiro. Isso por que mesmo com todo o arsenal de propaganda utilizado para tentar desqualificar as pessoas que manifestaram se contrárias a normativa, acusando elas de fake news, um único vídeo de jovem deputado alcança nada menos do que 300 milhões de visualizações, deixando a velha imprensa militante, desmoralizada.

O uso do Pix permanece livre de tributações adicionais, e as transações continuam sendo monitoradas dentro dos procedimentos padrão já estabelecidos para outras formas de pagamentos eletrônicos. Ou seja, a gula do Palácio do Planalto por impostos e a cumplicidade de jornalistas jabazeiros, terá que aguardar um pouco mais. Mas não se engane, eles encontrarão outra forma de sangrar o povo, sempre com a velha desculpa de que é para o bem de todos, incluindo os interesses pessoais deles, utilizando o cinismo e a cara de pau que lhes são peculiares.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor

www.zeaparecido.com.br

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