Brasil espera pela primeira vez sacrifício de servidores públicos bem remunerados para enfrentar a pandemia

POR: José Aparecido Ribeiro – Jornalista, Licenciado em Filosofia.

Percorridos 13 dias em confinamento, o Brasil aguarda medidas prometidas por Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados capazes de socializar os custos da pandemia. Ele declarou em alto e bom som que é chegada a hora do funcionalismo público, pelo menos os bem remunerados, darem a sua parcela de sacrifício, pela primeira vez na história do Brasil, abrindo mão de parte dos seus proventos no combate aos efeitos do Coronavírus, ainda que seja temporário e para os que ganham salários acima da média nacional.

A ideia é demasiado boa se não tivesse sido asfixiada nos gabinetes do Congresso e nos porões do STF. Na mesma toada que chegou, o assunto sumiu sem deixar rastros, como se a palavra do presidente Rodrigo Maia fosse ao vento, só mais uma falácia na boca de político cínico. Verdade é que todas as grandes crises nacionais vividas nos últimos 45 anos foram bancadas pela classe trabalhadora e pelos empresários, a exceção de banqueiros e de abonados.

Em nenhuma delas houve sacrifícios do funcionalismo público, sobretudo de políticos, magistrados, procuradores e funcionários graduados. O sacrifício é daqueles que trabalham no front das crises, como bombeiros, policiais, médicos, enfermeiros, socorristas e dezenas de categorias indispensáveis ao motor de uma nação. Com efeito, antes que me crucifiquem, a sugestão dada por Maia e que todo brasileiro patriota concorda, presume-se deve ser feita sem prejuízos para servidores com remuneração inferior a R$10 mil, nem tampouco colocando em risco a estabilidade dos que ganham salários condizentes com suas responsabilidades.

Contribuição deve vir de quem tem vultosos salários

A contribuição deve vir de forma gradual para quem têm proventos acima de R$10 mil. No Brasil os serviços públicos são executados por 12 milhões de servidores nas três esferas governamentais (município, estados e união) ao custo de R$750 bilhões.  Para manter essa máquina gigante funcionando, cada trabalhador da iniciativa privada dedica cinco meses de labuta em troca de serviços que nem sempre correspondem ao esperado. A máquina é pesada, ineficiente e por vezes injusta.

A classe média é a mais sacrificada, pois é dela a maior parcela para bancar o custeio governamental. A ela também recai os custos da boa educação, saúde, segurança e transporte, contratados às próprias expensas quando a qualidade torna-se pré-requisito.

Na trilha da pandemia, as críticas ao executivo se multiplicam, mas é ele até aqui o condutor das ações de combate ao COVID-19, carregando sozinho o ônus das consequências. Não custa lembrar que o Governo Federal, na pessoa do Presidente, decretou Estado de Emergência dia 3 de fevereiro, antes do carnaval, mas a maioria dos prefeitos e governadores não deram bola, assim como o judiciário que aproveitou para antecipar o recesso e adiar a volta, numa conveniente paralisação de 15 dias, às vésperas de uma pandemia anunciada.

O STF sozinho tem 2.200 funcionários para atender 11 ministros, uma casta que vive em outra dimensão longe dos problemas urgentes do país, protegidos por um exército de bajuladores pagos com o dinheiro do povo. Nenhum deles manifestou sobre qual vai ser a parcela de sacrifício da corte comandada por Dias Toffoli. Não é necessário lembrar que os penduricalhos do judiciário permitem multiplicar salários, alguns chegando a mais R$500 mil, numa prova de desrespeito ao principio da razoabilidade, já que para eles o povo é detalhe invisível.

Fundo partidário destinado a reparação dos efeitos da pandemia

Na mesma esteira dos panos quentes do “sacrifício” proposto por Rodrigo Maia, também saiu de pauta o fundo partidário cuja manutenção neste momento por si só representa um verdadeiro escárnio. Mantê-lo em vez de usá-lo para saúde do povo, embora seja legal, é de uma imoralidade verossímil a crime de lesa pátria.

O povo tem sido intimado a sacrifícios constantes, inexoráveis ao mundo moderno e a vida em sociedade, porém algumas categorias parecem imunes a isso e é hora de um acerto de contas capaz de equalizar direitos e deveres de servidores públicos com a realidade do país. Se você chegou até aqui e concorda, compartilhe esse texto nas suas redes e vamos exigir participação de todos no enfrentamento desta crise.

 

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, licenciado em filosofia e autor do blog:

e-mail: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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