Se rojão de festa de São João pode ser instrumento para golpe ou terrorismo, não deveria ser vendido livremente
Nos tempos em que a imprensa fazia mais jornalismo e menos militância, a ordem no episódio envolvendo a morte do chaveiro Francisco Wanderley Luiz, cidadão brasileiro revoltado com as aberrações vindas da suprema corte, abatido na Praça dos Três Poderes em Brasília, seria outra: Jornalista que se preza, deveria buscar a verdade dos fatos e não as versões convenientes e encomendadas.
Em qualquer país civilizado do mundo, onde o jornalismo está acima das questões ideológicas, onde a deontologia da profissão vem em primeiro lugar, o bom repórter teria acampado na porta do IML de Brasília em busca de laudo dos legistas que examinaram o corpo do infeliz que disparou artefatos inofensivos em direção a sede do poder judiciário, aparentemente abatido com um tiro, após o primeiro rojão. Ato abominável, mas alimentado pelo ódio que alguns magistrados promovem contra quem não pensa como eles.
Porém, o que se vê é uma tentativa insana de alimentar a narrativa do terrorismo, ou de um “golpe”. Chega a ser patético ouvir de jornalistas e políticos experientes, que ocupam cargos de liderança no Congresso Nacional, a tese de que um indivíduo, aparentemente desequilibrado, usando foguetes cuja a venda é liberada na esquina, possa ameaçar ministros da suprema corte, numa quarta-feira à noite, debaixo de chuva, e em ato solitário.
As imagens mostram que após o primeiro disparo do foguete o suporto “terrorista/golpista”, cai imóvel, e o segundo rojão que ele preparava para soltar, explode na suas mãos. Não adianta a imprensa tentar alinhar a narrativa do “golpe” ou do terrorismo, as imagens são claras, o que provavelmente o matou não foi o foguete que ele preparava para soltar, o que lhe teria ferido, mas não matado. O que o matou muito provavelmente foi um tiro certeiro, vindo da arma de algum dos seguranças que circulavam em frente ao STF.
O chaveiro Francisco Wanderley Luiz, segundo consta em farto noticiário da “prôba” imprensa esquerdista, passava por sérios problemas familiares. Sua insanidade é uma coisa, repreensível como qualquer ato de violência. Já a sua indignação, outra. Não é algo isolado, é o sentimento de milhões de pessoas que não suportam olhar para a cara cínica de Alexandre de Moraes e de meia dúzia de outros ministros da Suprema Corte, que ignoram a opinião pública e debocham das pessoas como se fossem deuses. Quem não pensa como eles, é “golpista, antidemocrático ou radical de direita.” Eles são os donos da verdade, e ninguém ouse contrariá-los. Querem regulamentar as redes sociais, colocá-las nos seus cabrestos, mas esquecem de respeitar a Constituição, tudo isso debaixo do bigode da imprensa, de cócoras para o sistema.
O brasileiro médio que pensa sem a “ajuda” da velha mídia, não aguenta mais tanta injustiça e cinismo de magistrados que zombam das pessoas, que não respeitam a liturgia do cargo, que se acham acima das leis, paladinos da democracia, como se tivessem recibo procuração da população para falar em nome dela publicamente, e não nos autos, quando chamados. Vale lembrar, com efeito, que nenhum deles pode circular livremente junto ao povo que eles dizem defender, sob pena de linchamento. Vale também as raras e honrosas exceções, que não cabem em uma mão, mas que por espírito de corpo se calam.
Francisco aparentemente tinha desvios de comportamento, motivados por questões pessoais e familiares, mas era um indivíduo indignado, como a maioria dos cidadãos brasileiros. Ignorar este fato, acreditar que a suprema corte brasileira, em especial que Alexandre de Moraes não contribuiu para este episódio trágico e lamentável, é fechar os olhos para a realidade, é rasgar o diploma de jornalismo e admitir que foi doutrinado por idiotas úteis.
Pior ainda é tentar colar o fato deprimente nos movimentos de direita que estão cansados de tanta mentira, e no ex-presidente Jair Bolsonaro que não tem nada a ver com a história, como a imprensa e o ministro Moraes estão tentando fazer.
Insensatez também é associar o disparo do artefato pirotécnico, cuja venda é livre, como a própria primeira dama Janja da Silva admitiu em declaração pública, a uma ameaça à democracia. Se fogueteiros fossem ameaça para a democracia, rojões não seriam vendido livremente em lojas de material pirotécnico.
A sordidez é tamanha que estão tentando encontrar nexo causal do episódio na Praça dos Três Poderes ao processo de anistia dos presos políticos encarcerados, estes sim, injustamente, sem o devido processo legal, desde o dia 8 de janeiro de 2023. Adélio Bispo a propósito, foi considerado um lobo solitário pelo mesmo delegado escalado por Moraes para investigar o episódio do fogueteiro “Tiu França.”
Isso sim é terrorismo psicológico com pessoas que não representam nenhuma ameaça para sociedade, impetrada de ofício, movido por sentimento de vingança, e pelo poder da caneta de um magistrado sem limites, com a conivência dos seus pares, de políticos e da imprensa que deixou de fazer jornalismo e hoje age como militante em defesa de partes envolvidas em conflitos, sem o devido distanciamento que é exigido pela ética do bom jornalismo. É hora de um basta no cinismo e nas mentiras que tomaram conta da cena nacional.
José Aparecido Ribeiro é jornalista
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PARABENS AMIGO JOSE, TEXTO EXCELENTE QUE ESPERAMOS ATINGIR OS DEUSES SUPREMOS, QUE DE SUPREMOS NADA TEM, NEM DE DEUSES.
SERA QUE NAO TEM NINGUEM QUE POSSA DENUNCIAR AOS ORGAOS INTERNACIONAIS DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS, AS ATROCIDADES QUE ESTAO FAZENDO COM A NOSSA CONSTITUICAO E POR CONSEQUENCIA COM O NOSSO POVO?
José Aparecido,
Concordo em gênero, número e grau com o que você escreveu.
Faço suas as minhas palavras.
Só quero ver como o stf e a mídia vai tratar o vídeo que circula na internet dando conta dos fatos exatamente como você falou.
Francamente, não dá mais mesmo para suportar tanto cinismo por parte de quem está sendo pago para nos defender!
José Aparecido quero parabeniza-lo pelo artigo . Relata uma realidade não vista pelos míopes e por indivíduos que torcem a verdade aos seus interesses vis e mesquinhos . Tempos sombrios! Grande abraço GFR
Zé Aparecido, você falou TUDO o que estava entalado na nossa garganta. Você é SENSACIONAL! QUE JORNALISTA! QUE CORAGEM!!!💫💫💫💫💫