Qual o papel do Estado na retomada do Turismo? O artigo é de autoria do experiente CEO da Nobile Hotéis & Resorts, o pernambucano Roberto Bertino
POR: Roberto Bertino – Fundador & Presidente – Nobile Hotels & Resorts
“Cabe ao Estado o papel de mediador nos acordos entre indivíduos que vivem em comunidade com o objetivo de dirimir conflitos existentes. Desde a Antiguidade grupos sociais se estabelecem e se organizam com o objetivo de atender as demandas e interesses de seus membros buscando a paz e a prosperidade de todos.
Logo, o Estado surgiu como opção de organização social (Thomas Robbes). Isto posto, no que tange especificamente ao setor do turismo, considerando a grave crise pela qual passa o setor que foi vítima da pandemia, leia-se efeitos dos lockdowns que fecharam cidades e estados, deve ser dele o protagonismo na retomada das atividades econômicas.
Os mecanismos que viabilizam a sobrevivência e a recuperação da cadeia produtiva do turismo encontram-se nas mãos dos Governos, Federal, Estadual e Municipal. Oportuno destacar que antes da pandemia a cadeia produtiva do turismo já enfrentava uma crise iniciada no governo Dilma Roussef.
Em 2020 o setor dava sinais de tímida recuperação iniciado em 2019. Nos últimos 15 meses, no entanto, com a adição da pandemia do Coronavírus e seus impactos na economia e na saúde da população, a situação se agravou dado o elevado nível de contágio da doença e fatalidade em determinados grupos da sociedade mais vulneráveis fisicamente. O medo tomou conta e por alguns meses provocou paralisia generalizada.
No meu entendimento, a iniciativa de resgate protagonizada pelo Governo deve concentrar-se em quatro pilares. O primeiro é o de vacinar os cidadãos de forma ágil, resgatando o clima de segurança e confiança das pessoas, de tal forma a gerar a retomada do consumo em ambiente seguro e estimulante.
Segundo, garantir a empregabilidade através de programas criados e financiados pelo Governo. Terceiro, dar crédito à iniciativa privada do setor em condições extraordinárias, sendo o Estado o garantidor das operações de crédito, oferecendo longo período de carência com prazo extenso para pagamento e a juros módicos.
Por fim, o quarto pilar e não menos importante, acelerar reformas estruturais que fomentem o ambiente de negócios, estimulando a economia e gerando uma ação anticíclica, ou seja, evitando que a recessão entre num ciclo de depressão. Ainda inseridas no contexto do quarto pilar, são importantes as reformas econômicas e regulação do setor, a exemplo da aprovação da LGT (Lei Geral do Turismo), a implementação de medidas emergenciais e mudanças culturais na relação política entre Governo e o setor produtivo.
Além disso, é conveniente realizar esforço de educação e conscientização de todos os agentes que intervém na experiência turística: empresários, colaboradores, visitantes e população, e, sem dúvida, este trabalho deve estar em mãos de um organismos públicos que saibam canalizar os interesses comuns.
Pode-se afirmar que a intervenção pública na economia continuará sendo importante, ainda que a maneira de intervir se dê por meio de agências regulamentadoras, reduzindo-se o controle direto e a burocracia.
Em relação ao mercado turístico, é cada vez mais evidente que o Governo deve exercer um papel central na fixação de critérios de desenvolvimento e na coordenação das atuações dos agentes privados que nele interagem. Assim conseguirá garantir a sobrevivência dessa indústria que é responsável por um décimo dos empregos no mundo, além de ser promotora da felicidade.”
José Aparecido Ribeiro é jornalista, presidente da Abrajet-MG
Contato: jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br
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