Ciclovias não resolvem o problema da i-mobilidade urbana, BH precisa de obras para eliminar gargalos

O jornal Estado de Minas trouxe na sua edição de ontem, domingo (15), matéria sobre atraso na execução de projetos de Ciclovias do PlanMob (Plano de Mobilidade de BH – 2008/2030). Porém, o clima e a topografia da capital não contribuem para a prática do ciclismo como meio de transporte, e isso torna a expansão das ciclovias um desperdício de dinheiro público e um ato inútil para o enfrentamento do grave problema da i-mobilidade urbana. Se tivéssemos governantes realmente envolvidos no assunto, este imbróglio já teria encerrado. A verdade é que o tema vem sendo tratado com muito mais paixão do que razão pelos ativistas que defendem bicicletas como única solução para o trânsito caótico de BH.

Sempre ouvi dizer que o pior cego é aquele que não quer ver. A insistência em falar sobre ciclovias é uma prova da desconexão com o dia a dia da cidade. Os amantes das bikes tem em comum um modo de vida que eles gostariam que todo mundo tivesse, mas que não é a realidade na maioria da população. São ativistas apaixonados que agem como os crentes quando falam de religião. A única saída para a mobilidade é todo mundo deixar carro em casa e andar de bicicleta, ainda que 99,4% da população estejam dizendo que não é de bike que a cidade vai, mas de carro, motocicletas e no precário transporte público.

Ciclovia como “unica” solução para o trânsito

Assim como os evangélicos se acham procuradores de Deus, e quem não pensar como eles não vai para o céu, os que não defendem a expansão das ciclovias, não merecem ouvidos, devem ser crucificados junto com os seus carros. É assim que funciona lá fora, na concepção dos defensores das ciclovias. Não conseguem abstrair e compreender que nem sempre o que é bom para cidades Europeias de clima temperado e topografia plana, serve para BH.

Os fatos mostram aquilo que ativistas e poder publico não conseguem ou não querem enxergar. Um olhar atento revela que poucas pessoas aderiram ao modal bicicleta como meio de transporte para deslocamentos a trabalho. A razão é tão explicita que às vezes chego a pensar que eles vivem em outra cidade e não em BH: Insisto, o clima e topografia da Capital Mineira são incompatíveis com a prática do ciclismo como meio de transporte.

Quantas bikes são vistas por dia em BH nos  horários de sol a pino?

O número de bicicletas circulando pela cidade é quase zero, se comparado aos outros modais de transporte. Já os transtornos que as ciclovias causam são inegáveis e podem ser medidos em ruas como Fernandes Tourinho, São Paulo, Rio de Janeiro e outras, cujas ciclovias passam a maior parte do tempo vazias. Com efeito, o que restou para carros é disputado à tapa. Não é força de expressão, e eu explico.

Para construir ciclovias a BHTrans dividiu espaço onde ele já é crítico, deixando quatro faixas onde caberiam apenas três, duas para circulação e uma para estacionamento, comprometendo a fluidez e trazendo risco de colisões laterais, gerando discussões que costumam terminar em brigas e até tragédias. A Rua Fernandes Tourinho serve como modelo para confirmar o fracasso do projeto MobiCicle e a incompetência de quem nos governa, uma vez que representa o caos em um micro universo de 4 quarteirões entre Av. Getúlio Vargas e Rua Espírito Santo.

Calor de 35 graus, chuva e topografia acidentada não ajudam a prática

Ando por toda cidade e nestes dias de calor acima de 35 graus, não vejo uma única bicicleta circulando pelos 90 km da malha de ciclovias existente. Lembro que a meta do PlanMob é de instalação de 400km. Até a ciclovia da lagoa da Pampulha que em tese deveria estar sempre movimentada, em dias de calor fica às moscas. A lógica e o bom senso sugerem uma pergunta: Quantos dias durante o ano chovem e quantos fazem calor em BH? A somatória deles serve para mostrar quantos dias as ciclovias passam vazias e inúteis. E isto seria o suficiente para comprovar que o projeto não atende a maioria da população.

Ativistas só circulam depois das 20h, quando a temperatura cai

A cidade tem um passivo gigantesco de obras que não foram feitas ao longo das últimas quatro décadas. São obras que tirariam carro de onde eles não deveriam circular dando lugar para o transporte não motorizado. Não adianta tentar enfiar bicicleta goela abaixo da população, não é esse o desejo do belo-horizontino exceto um pequeno grupo de xiitas que andam de bike em bandos depois das 20h quando o clima está ameno tentando fazer barulho para mudar a opinião pública sobre a respeito do tema.  

Chega de lero-lero e discurso politicamente correto, jogar dinheiro fora construindo ciclovias que não são usadas, é crime contra o erário público. A cidade precisa de túneis, viadutos, elevados, passarelas e transporte público decente, que tenha apelo de conforto que permita ao cidadão que deseja deixar carro na garagem, um deslocamento minimamente confortável. O que não exclui a bicicleta, porém onde elas não atrapalham o trânsito e não representam risco de acidentes.

jaribeirobh@gmail.com – WhatApp 31-99953-7945 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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