Foto: Acervo pessoal Engenheiro André Rívola
Passados sete dias das eleições municipais de 2020 no Brasil, os questionamentos sobre a lisura do pleito não param. As explicações do Ministro Luis Roberto Barroso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto às invasões por hackers nos computadores do Tribunal às vésperas e no dia da eleição, não convenceram as pessoas mais atentas e muito menos os especialistas em TI.
O assunto foi parar no Congresso Nacional, que exige explicações plausíveis e não foi esquecido pelas vigilantes e ativas redes sociais, ao contrário da mídia tradicional que tenta dar o tema como encerrado. Parlamentares querem saber o que aconteceu e ao contrário do que afirma o Ministro que “não erra”, e que se acha semideus, o primeiro turno das eleições não foi tão tranquilo quanto ele tenta fazer parecer com ajuda do jornalismo ativista.
Engenheiro afirma possibilidade de fraudabilidade das urnas
Para o engenheiro eletrônico André Rívola do Rio de Janeiro que atua na área de TI há mais de 30 anos, com especialização em sistemas de controle computadorizados de equipamentos de produção de petróleo submarino, nos Estados Unidos e no Brasil, quem ainda tem dúvidas quanto à “fraudabilidade” de qualquer equipamento programável, precisa rever conceitos, pois eles podem sim ser manipulados de acordo com interesses de que os programa, e que nem sempre são interesses republicanos, especialmente em tempos de ativismo no judiciário e na imprensa.
André menciona a mega-fraude da Volkswagen envolvendo veículos de passeio a diesel, vendidos em todo o mundo, mas descoberta nos EUA no ano de 2015, escândalo que é conhecido como “Dieselgate”. O episódio promoveu o maior acordo amigável da história da Alemanha. A montadora germânica pagou a usuários e ao governo dos EUA US$7 bilhões em indenizações e multas. Segundo o engenheiro, “a Volks enganou consumidores e os órgãos de fiscalização daquele país por muito tempo, tudo isso graças à manipulação de um software cuja tecnologia embarcada nos próprios veículos, permitia omitir e mudar resultados de emissões”, relata.
Ele lembra ainda que a EPA – Environmental Protection Agency, só descobriu quando testou os motores fora de laboratório, haja vista que o software era programado para perceber o ambiente monitorado indoor. O engenheiro relata ainda que ao se deslocarem pelas estradas dos EUA os motores a diesel poluíam 40 vezes mais do que o permitido pela legislação Americana. Na ocasião quando questionada à Volks respondeu que a EPA é que deveria estar fazendo algo errado e não os software instalado nos veículos, ou seja, seguiu mentindo e omitindo o que de fato ocorria.
O processo eleitoral pode ser fraudado
No caso de uma urna eletrônica, relata André, “elas podem ser programadas para apresentar resultados de acordo com o interesse de quem a programou”, e mais, “elas também podem transmitir dados para uma central que está programada para alterar os resultados finais, mesmo que as urnas estejam corretas”, adverte. O engenheiro revela ainda que existem formas de fazer com que um sistema eletrônico de votação seja mais seguro por meio de redundâncias, conferindo separadamente os resultados e jamais o processo sendo feito por quem programou as urnas. O que não ocorre no Brasil, onde tudo é feito pelo “inquestionável” e idôneo TSE.
André Rívola lembra ainda que cada urna contém entre 400 e 500 votos e que outra forma de eliminar fraudes é a emissão de comprovantes, a exemplo de uma máquina de cartão de crédito. Na opinião do especialista a recontagem manual atrasaria a apuração final, mas deixaria o processo muito mais seguro. “Essa é uma decisão que a sociedade precisa tomar, pois alguns dias de espera é muito melhor do que a incerteza da lisura do processo eleitoral”, encerra. Pergunto: Qual a razão de tanta pressa na apuração, se uma legislatura tem quatro anos e a posse ocorre somente em 1 de janeiro do ano seguinte?
José Aparecido Ribeiro é jornalista independente em Belo Horizonte – MG
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