O futuro da BR 381 Norte, trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, com 320 quilômetros, será debatido em audiência pública hoje, às 17h no Centro de Convenções do Hotel Boulevard Plaza na Av. Getúlio Vargas, 1.640, Savassi. Esta é a segunda audiência pública antes do leilão de concessão, que está previsto para o terceiro trimestre de 2020, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão federal que cuida dos processos de concessões de rodovias federais que atravessam Minas Gerais, estado que tem a maior malha rodoviária do país e a única rodovia que leva um apelido macabro de “rodovia da morte”. Haverão mais três audiências.
O edital trás informações importantes e uma merece destaque, pois trata da questão de tempo para conclusão dos trabalhos de duplicação dos 267 quilômetros previstos entre BH e Governador Valadares. A rodovia deverá estar totalmente duplicada em 20 anos. Pasmem, se não bastasse os 20 anos de espera, quem transita pelas curvas assassinas da BR 381 terá que esperar mais 20 anos, tendo que se sujeitar ao risco oito vezes maior de acidente do que em qualquer outra rodovia do país. Coisas que são inexplicáveis e mostram a decadência da gestão da coisa publica no Brasil e a falta de senso de urgência. O Ministério Público Federal estará presente e promete cobrar ações para aceleração das obras.
Atualmente, a BR-381 têm em andamento apenas dois trechos. Lote 3.1 e 7a e b: trecho de 28,6 quilômetros entre os municípios de Jaguaraçu de Minas e Antônio Dias. A Empresa Construtora Brasil, responsável pelas obras dos lotes 7a e 7b informa que os 37,5 quilômetros entre o trevo de Caeté e o rio Una, no trevo de entrada para Barão de Cocais, a obra está praticamente concluída e pronta para ser liberada.
20 anos de espera
A 381 patina sem grandes avanços, se considerar que são 267 quilômetros que esperam por duplicação, com reconstrução de alguns trechos onde a geometria da rodovia não é mais recomendada para o modelo de veículos que circulam pela rodovia construída em rotas de burros em meados da década de 50 do século passado. Dos 11 lotes que compõem a duplicação completa, somente dois estão com obras em andamento. Nos demais, as licitações fracassaram. Houve casos em que a empreiteira vencedora assumiu, mas desistiu da obra no meio do caminho, algumas envolvidas em escandalos de corrupção que marcaram os últimos 10 anos da política nacional.
O trecho que começa no Anel Rodoviário de Belo Horizonte ao trevo de Caeté, cujo índice de acidentes fatais é o maior da rodovia, não teve interessados, numa prova inequívoca de que a ANTT e o DNIT precisam melhorar as referencias e estudos de custos, pois na medida em que os certames apresentam-se vazios, é sinal de que há algo errado que estimula o desinteresse das empresas. A tradução destes 20 anos de espera e morosidade é o descompromisso com a vida e sobretudo, a desconsideração pelo usuário da rodovia que atende mais de 40 municípios e é rota nacional de cargas, ligando o sul ao sudeste, ao centro oeste e norte do Brasil. A 381 não atende a mineiros somente, mas a todos que precisam atravessar o Brasil. Deveria merecer respeito das autoridades políticas mineiras e de Brasília.
Para que as concessões ganhem interesse da iniciativa privada pela administração da rodovia é esperado que até o início das operações os trechos em obra atualmente estejam prontos, pois eles representam 1/5 do total de km do trecho entre BH e Governador Valadares. O restante dos lotes que comporão as obras somam 200 quilômetros que deverão ser executados pela empresa vencedora do leilão. O imbróglio obras na 381 vale lembrar, começou em maio de 2014 ainda no governo Dilma Rousseff. Passados quatro anos foram entregues apenas 65 quilômetros, dos 267 previstos para serem duplicados, numa média de 13 km por ano apenas, revelando baixa produtividade e desinteresse do poder publico na resolução do problema que se arrasta há décadas e que mata mais do que guerras.
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