A maior malha rodoviária do Brasil, a de Minas Gerais, pede socorro, está pela hora da morte
Foto: Divulgação Ammetra
POR: Dr. Alysson Coimbra – Diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra)
O que os mineiros e caminhoneiros conhecem na prática foi confirmado por uma pesquisa da Confederação Nacional do Transportes (CNT), divulgada nesta quarta-feira. O levantamento mostrou que 76,8% da malha rodoviária do estado apresenta algum tipo de problema. A precariedade não chega a ser novidade, mas o estado que tem a maior malha rodoviária e é o terceiro mais rico do Brasil está em uma situação pior que a média nacional, que aponta problemas em 66% das rodovias.
O estudo identificou que o pavimento de 63,7% das estradas mineiras tem problemas e que essa precariedade causa prejuízo. Rodovias em más condições podem elevar o custo do transporte em até 40,6%.
Esse custo maior gerado pelas condições de conservação das rodovias é simples de ser compreendido: estrada ruim aumenta o tempo de viagem, o custo da manutenção, consumo de diesel, além do risco à própria vida de quem trafega por ela.
Neste quesito, novamente MG tem desempenho pior. Na média nacional, a má conservação do pavimento provoca um aumento de 33,1% do custo operacional rodoviário.
A pesquisa revelou que 397 dos 2.610 pontos críticos espalhados pelo Brasil estão em Minas Gerais. Recuperar as estradas mineiras requer um investimento de R$ 14,1 bilhões. Em todo Brasil, essa recuperação custaria R$ 72,26 bilhões aos cofres públicos.
Sabemos da dificuldade de destinar recursos às rodovias em um momento em que há uma legião de brasileiros passando fome, por isso é preciso fomentar em todo país parcerias público-privadas para solucionar um problema que contribui para a morte de dezenas de milhares de brasileiros todos os anos.
O meio ambiente também sofre impacto das rodovias em má conservação. Conforme o estudo, em 2022, haverá um consumo desnecessário de 1,1 bilhão de litros de diesel devido à má qualidade das estradas.
Esses dados comprovam que as rodovias brasileiras precisam de uma intervenção urgente para reduzir o número de acidentes, mortos e feridos, mas também para dar mais produtividade e eficiência ao transporte rodoviário. Cuidar das rodovias é também proteger a vida, o meio ambiente e contribuir para que os preços dos produtos não cheguem às prateleiras cada vez mais caros.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor do Blog
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